Tulio só teve chance na seleção japonesa após saída de Zico
Ao contrário do lateral-esquerdo Alex e do atacante Wagner Lopes, que defenderam o Japão em Mundiais anteriores, Tulio Tanaka tem raízes japonesas.
Natural de Palmeira d'Oeste, no interior do Estado de São Paulo, o zagueiro do Nagoya Grampus vive no país dos avós paternos há 12 anos.
"Tenho um apego muito grande pelo Japão. Essa etapa da minha vida é muito importante para mim. Eu virei adulto aqui no Japão. Mas tenho dois lados, ainda mantenho muitos vínculos no Brasil. Sou uma pessoa de duas vidas. Me considero 60% japonês e 40% brasileiro", disse o dekassegui (termo japonês usado para denominar uma pessoa que deixa sua terra natal para trabalhar em outro local), em entrevista por telefone à Folha.com, em fevereiro deste ano.
Denis Balibouse /Reuters |
O zagueiro Marcus Tulio Tanaka, em ação pelo Japão |
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Apesar dos ascendentes japoneses, a cultura oriental só passou a fazer parte da vida de Tulio depois que ele recebeu um convite para deixar o Brasil e fazer o ensino médio em Makuhari, na Província de Chiba.
"A escola para onde fui costumava levar um brasileiro por ano para reforçar seu time de futebol. As escolas aqui no Japão funcionam como as dos Estados Unidos, com campeonatos escolares fortes. O esporte de base acontece na escola."
"Eu queria mesmo me desligar um pouco dos meus pais. Queria ter minha vida, e essa foi uma proposta interessante. Passei os três anos do colegial e, depois, tive várias propostas para me profissionalizar", explicou.
O zagueiro se profissionalizou pelo Sanfrecce Hiroshima e depois atuou Mito Hollyhock e Urawa Red Diamonds até chegar ao Nagoya Grampus, seu clube atual. O passaporte japonês chegou após dois anos jogando na liga japonesa.
"Resolvi de um modo meio que inesperado me naturalizar para poder um dia chegar à seleção japonesa", justificou.
Em 2004, Tulio disputou os Jogos Olímpicos de Atenas. A primeira chance na seleção principal surgiu somente após a saída de Zico, seu compatriota, que dirigiu o time japonês no Mundial da Alemanha-2006.
Na campanha que colocou o Japão em sua quarta Copa consecutiva, o zagueiro brasileiro teve papel importante. Tulio participou de todos os 1.080 minutos da seleção nas eliminatórias e foi um dos artilheiros do time na competição, com três gols. Nos últimos amistosos, ganhou destaque por ter feito dois gols contra (um contra a Costa do Marfim nesta sexta e outro contra a Inglaterra) e um a favor (contra a Inglaterra).
Questionado sobre os objetivos da equipe japonesa no Mundial, o defensor disse que avançar para a segunda fase seria uma conquista em grupo que conta com Holanda, Dinamarca e Camarões, mas que já ficaria satisfeito em vencer pela primeira vez uma partida disputada fora do país.
"O Japão nunca conseguiu vencer uma partida de Copa fora de casa [ganhou dois jogos no Mundial-2002, que organizou ao lado da Coreia do Sul]. Mas o time está com pensamento positivo. Se a gente passar da primeira fase, já vai ser um grande passo."
Caso consiga superar o desempenho de 2002, quando parou nas oitavas de final, e chegue às quartas, o Japão pode ter pela frente o Brasil. Tulio admitiu que não se sentiria confortável com esse possível confronto.
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