Sem Bielsa, Santos não tem técnico estrangeiro desde 1978
A tentativa do Santos de contar com um técnico estrangeiro para assumir o time não é exatamente uma novidade para o futebol brasileiro e para o clube alvinegro.
A direção informou na última segunda-feira que desistiu do argentino Marcelo Bielsa, ex-treinador de Argentina e Chile, com que negociava desde 1º de junho.
Se desse certo, o acerto encerraria um "jejum" de 35 anos. A última vez que o time praiano contou com um "gringo" no comando técnico foi em 1978, com Ramos Delgado.
Segundo o "Almanaque do Santos FC", o argentino ficou 26 jogos no cargo. Guilherme Nascimento, autor do livro, diz que Delgado foi o primeiro a dar chance para os garotos que formaram a primeira geração de "Meninos da Vila", como o meia Pita.
27.abr.1970/Folhapress | ||
O zagueiro Ramos Delgado, quando defendia o Santos |
Já o primeiro treinador estrangeiro do Santos assumiu o time logo no ano de nascimento do clube, em 1912. Foi o irlandês Harold Cross por apenas dois jogos.
Entre 1912 e 1978, o clube do litoral paulista teve outros 11 estrangeiros. A maioria foram "professores" uruguaios (quatro), além de dois italianos, um argentino, um austríaco, um húngaro, um paraguaio e um peruano.
Muitos deles já estavam radicados no Brasil, como os italianos Caetano di Domenica e Giuseppe Ottina, nos anos 1940 e 1950. Outros vieram ao país para ajudar os clubes, como o uruguaio Pedro Mazullo, presente na transição para o profissionalismo.
Com Bielsa, o Santos pretendia repetir a história. Segundo pessoa da diretoria, a intenção era "apresentar algo novo, inédito e que marcasse um novo clico no Brasil".
BRASIL
Praticamente todos os clubes tradicionais e de grandes torcidas no Brasil já tiveram técnicos estrangeiros. Muitos estavam radicados no país.
Há casos marcantes, como os húngaros Nicolas Ladanyi, anos 1930, e Bela Guttmann, anos 1950, que ajudaram no desenvolvimento e apresentaram avanços táticos.
O primeiro foi vitorioso com o Botafogo, e o último ficou marcado no São Paulo.
Orlando Kissner - 31.jan.2006/AFP | ||
O técnico Lothar Matthäus durante treino do Atlético-PR, em Curitiba |
O argentino Filpo Nuñes, técnico da "Academia de Futebol", como ficou conhecido o Palmeiras nos anos 1960 e com passagens por Corinthians, Cruzeiro, Vasco, entre outros, foi o único estrangeiro a comandar a seleção brasileira. Em um amistoso contra o Uruguai, em 1965 --o time nacional foi representado pelo Palmeiras.
Recentemente, o Brasil viu técnicos como o uruguaio Jorge Fossati, o argentino Daniel Passarella e o alemão Lothar Matthäus passarem pelo país e sem sucesso.
O primeiro fracassou no Internacional (2010), o segundo no Corinthians (2005) e o terceiro no Atlético-PR (2006).
Curiosamente, um que teve sucesso foi o chileno Roberto Rojas. Ele assumiu o São Paulo interinamente em 2003 e conseguiu classificar o time para a Taça Liberdadores-2004. Depois voltou a trabalhar na comissão técnica.
Outro caso conhecido recentemente é do uruguaio Darío Pereyra. Após se aposentar no Brasil, iniciou uma trajetória por diversos clubes do país. Tem no currículo passagens por São Paulo, Corinthians, Atlético-MG e Grêmio. Seu último clube foi o Vila Nova --demitido em março deste ano.
Fernando Santos -10.jun.2003/Folhapress | ||
O chileno Roberto Rojas na época em que trabalho como preparador de goleiros do São Paulo |
Livraria da Folha
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