Novos 'supertimes' da NBA tentam desafiar favoritismo dos Warriors

Crédito: Sue Ogrocki - 25.set.2017/Associated Press Oklahoma City Thunder's Paul George (13), Russell Westbrook (0) and Carmelo Anthony (7) pose for photos during an NBA basketball media day in Oklahoma City, Monday, Sept. 25, 2017. (AP Photo/Sue Ogrocki) ORG XMIT: OKSO102
Oklahoma City Thunder agora tem Paul George (esq.) e Carmelo Anthony (dir.) ao lado de Russell Westbrook

GIANCARLO GIAMPIETRO
DE SÃO PAULO

Ainda há resistência. Ou assim a NBA espera. Se as bolsas de apostas e os especialistas apontam o Golden State Warriors como o grande candidato ao título, isso não quer dizer que o restante da liga esteja preparado para estender tapete vermelho aos atuais campeões.

Houston Rockets, Oklahoma City Thunder, Cleveland Cavaliers e Boston Celtics foram atrás de estrelas para tentar fazer frente ao time de Oakland, na Califórnia.

Os Warriors venceram 207 das 242 partidas que disputou nas últimas três temporadas regulares da NBA. O que equivale a 84,1%. Nos playoffs, foram 47 vitórias e 15 derrotas. E dois títulos.

Basta?

A liga entende que não.

A expectativa de olheiros e dirigentes ouvidos pela Folha é de que a equipe seja ainda melhor.

Eles afirmam que o ala Kevin Durant, contratação bombástica da equipe no ano passado, demorou alguns meses para se integrar devidamente ao intrincado sistema ofensivo da equipe.

Agora, esperam que o cestinha repita diariamente as atuações que o levaram a ser eleito o melhor da última final.

O favoritismo dos Warriors seria uma sombra para a NBA.

A hegemonia imposta por LeBron James e os Cavaliers à Conferência Leste rende ainda mais dúvidas sobre a competitividade da liga.

"A coisa mais difícil para mim é ter de ir à TV e fingir por sete meses que não vai dar novamente Warriors e Cavs nas finais", diz o ex-jogador Charles Barkley, membro do "Time dos Sonhos" dos EUA nos Jogos de Barcelona-1992, hoje o comentarista mais popular da NBA.

Com 177 dias e 1.230 partidas pela temporada regular, Houston Rockets, Oklahoma City Thunder e, mesmo sem grandes contratações, o San Antonio Spurs esperam mostrar, no Oeste, que podem desafiar os Warriors. No Leste, o Boston Celtics tenta dar o troco nos Cavaliers.

NOVIDADES

O Thunder surpreendeu ao arquitetar trocas por duas estrelas: os alas Paul George, ex-Indiana Pacers, e Carmelo Anthony, ex-New York Knicks, que se juntam ao armador Russell Westbrook, atual jogador mais valioso da liga. Para contratá-los, em circunstâncias anormais, o clube só cedeu peças marginais como o ala Victor Oladipo e o pivô Enes Kanter.

Há dúvidas, porém, sobre a defesa e química em quadra, considerando o sucesso que Westbrook teve como astro solitário no ano passado.

Em Houston, a franquia confia que o armador Chris Paul, ex-Los Clippers, poderá coexistir com James Harden. São dois jogadores que, a despeito da visão de quadra fora de série, gostam de controlar a bola por muito tempo.

Do outro lado, no Leste, Boston e Cleveland toparam uma rara negociação na qual se envolveram os últimos dois finalistas de conferência.

Os Celtics esperam que a produção do armador Kyrie Irving dê um salto em seu sistema ofensivo mais igualitário. Já os Cavaliers têm hoje o elenco mais profundo desde o retorno do ala LeBron James, em 2014.

O quinteto titular terá agora o ala Jae Crowder, combativo defensor ex-Boston, além do armador Derrick Rose e o ala-armador Dwyane Wade. São dois jogadores que já ganharam o prêmio de mais valiosos da NBA.

Nos últimos três campeonatos, o Cleveland perdeu 23 dos 27 jogos que fez sem LeBron.

O armador Isaiah Thomas, também ex-Boston, só deve jogar em janeiro -tem uma lesão no quadril. Rose e Wade estão longe do auge. Mas o técnico Tyrone Lue confia ter em mãos seu melhor elenco.

"Temos muitos jogadores versáteis. Será diferente, mas temos mais chance", disse.

Apesar de todas essas novidades, há quem desconsidere qualquer ameaça aos Warriors.

"Não acho que uma equipe tenha iniciado um campeonato com tanta vantagem em termos de talento como os Warriors desta vez", disse Jeff Van Gundy, um dos técnicos da seleção dos Estados Unidos e comentarista.

O acúmulo de estrelas em alguns clubes gera certo desconforto na liga.

Proprietário do Charlotte Hornets, o legendário Michael Jordan, hexacampeão pelos Bulls, afirma que essa concentração "machuca" o jogo de forma geral.

"Fica menos competitivo. Você vai ter um ou dois times que serão ótimos, e o restante será um lixo. Fica difícil sobreviver assim, do ponto de vista dos negócios", disse à revista Cigar Aficionado.

O comissário da NBA, Adam Silver, se irrita quando ouve esse tipo de comentário.

"Quando dizem isso, que só temos duas equipes que formarão dinastias, na hora penso em nosso passado. Os Lakers e os Celtics já venceram 16 títulos e 17, respectivamente", lembrou.

"É quase a metade de nossa história. Até 2016, o Cleveland não havia vencido nenhum. O Golden State não ganhava nada desde 40 anos", completou. É difícil aturar essa percepção que só os dois são competitivos. Não acredito nisso", completou Silver.

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