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Encontros para trocar figurinhas se multiplicam e atraem multidões

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Ainda não passava das 15h de uma promissora sexta-feira quando Fabianno Xavier deu por encerrado seu expediente. Não foi à toa, pois ele tinha uma missão a cumprir: barganhar figurinhas.
Sua coleção impressiona até mesmo os aficionados. Ela é suficiente para encher quatro álbuns.

Durante os 457 minutos seguintes, enquanto os dedos se moviam sem parar, os olhos monitoravam uma extensa planilha de Excel e a boca era uma verdadeira metralhadora de números.

Voltou para casa lá pelas 23h, carregando quase 700 figurinhas cuidadosamente separadas em montinhos de, no máximo, 200 cada um -"para não estourar o elástico e mantê-las preservadas".

Bruno Poletti/Folhapress
Ricardo Ribeiro, 49, com o filho, Dhani, 6, no Masp
Ricardo Ribeiro, 49, com o filho, Dhani, 6, no Masp

O lote seria organizado na manhã seguinte. Afinal, tudo deveria estar arrumado para uma nova maratona de trocas na tarde de domingo.

Xavier é professor de informática. Trabalha na região central de São Paulo e vive em Cotia. Aos 31 anos, aproveita os fins de semana em que a namorada, que mora no interior, não vem visitá-lo para gastar horas e o quanto puder em... troca de figurinhas.

No início de abril, começou a montar seu álbum, de capa dura. Em 11 dias, estava completo. Nem assim se deu por satisfeito. Pegou gosto pela coisa. "Meu barato é trocar."

O "QG" de Xavier funciona no shopping Eldorado, onde uma multidão entope corredores e se esparrama pela praça de alimentação -a procura é tanta que o shopping montou uma área para os trocadores com carpete e pufes.

COMUNIDADE DE TROCA

Pontos de troca viraram uma febre país afora. Para ter uma dimensão desse fenômeno, vale lembrar que apenas no Brasil foram impressos 8,5 milhões de álbuns pela Panini; para preenchê-lo, são necessários 649 cromos.

"Em vez de ficar em casa jogando videogame, vamos trocar figurinhas", empolga-se a gerente comercial Andréa Regina Mancini Rovella, 36, mãe de Enrico, 7. "No colégio, estão desenvolvendo um trabalho sobre os valores que esses encontros promovem, como ser justo."

Ao lado do filho, Julian, 8, a americana Elizabeth Johnson, 43, surpreendeu-se com o megaevento que ocorre aos sábados em frente ao estádio do Pacaembu. "Nesses ambientes, percebe-se um senso de comunidade que muitas vezes falta ao Brasil."

Para a administradora de empresas Virgínia Antolinez, 40, a atividade cresceu tanto que se transformou em um evento social, pautado pelo espírito de companheirismo.

Bruno Poletti/Folhapress
A americana Elizabeth Johnson, 43, e o filho, Julian, 8, em frente ao estádio do Pacaembu
A americana Elizabeth Johnson, 43, e o filho, Julian, 8, em frente ao estádio do Pacaembu

Na manhã fria e cinzenta do último sábado em São Paulo, Pietro, 8, filho da advogada Patrícia Vignini, 38, queria ficar dentro do carro. "Quem troca e gosta disto aqui sou eu", confessa ela.

Já a dentista Ana Paula Lorenzo Pereira, 40, rendeu-se à pressão dos filhos, Frederico, 9, e Guilherme, 7. Com as trocas antes e depois das aulas de caratê no clube Pinheiros, os dois preencheram o álbum em uma semana, mas o mais novo voltava do colégio com pacos de figurinhas que ganhava no "bafo".

Ana Paula então comprou outro álbum. Na semana passada, ela e o marido viajaram. Quando regressaram, tiveram uma surpresa: os avós maternos tinham presenteado os garotos com mais um.

"Deixei claro: não vou dar um real para esse terceiro álbum", garante. Nem precisa. Os filhos já quase completaram o novo exemplar na base dos encontros de troca.

Para preencher seu álbum, o estudante Vinícius Mariano Geroto, 15, que é cadeirante, percorreu lugares como o mercado de Bauru e a praça de Monte Aprazível, no interior paulista. Experiente, passou a ensinar o pai a montar sua própria coleção.

"Claro que é legal fazer novos amigos, saber que você pode trocar sem desconfiança, mas nada substitui a emoção e a alegria de voltar para casa com aquela figurinha que a gente tanto sonhava".

Editoria de Arte/Folhapress
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