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Conheça o maior barra brava argentino que enganou a polícia e assiste à Copa

Reprodução/Facebook/Pablo Alvarez
Pablo Alvarez, um dos principais barras bravas da Argentina, disfarçado de torcedor suíço
Pablo Alvarez, um dos principais barras bravas da Argentina, disfarçado de torcedor suíço
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Disfarçado de torcedor suíço, um dos principais barras bravas argentinos conseguiu ir ao jogo contra a Suíça, nesta terça (1), no Itaquerão.

Barras bravas é como são chamados o núcleo de torcedores mais violentos dos clubes argentinos.

Pablo Álvarez, o Bebote, líder da torcida do Independiente, é um dos dois mil argentinos que deveriam ser proibidos de entrar no Brasil para acompanhar a Copa, por ter passagem anteriores na polícia. A lista foi uma troca de informações entre os governos brasileiro e argentino.

Bebote já havia sido flagrado pelas câmeras de TV, de cara limpa, na vitória da seleção argentina sobre a Nigéria. Em São Paulo, pintou o rosto com as cores da bandeira da Suíça e passou por todos os esquemas de segurança.

Depois, ainda postou as fotos e se gabou em sua conta no Facebook.

"Bebote 2 vs Polícia 0. A barra mais inteligente do mundo é a dos Diabos Vermelhos", comemorou, citando o apelido do Independiente.

Desafiar as ordens e a autoridade é uma das marcas registradas do barra brava que, na Argentina, está na lista do chamado "direito de admissão". Não pode entrar em nenhum estádio do país.

Álvarez tem uma queda pelo espetacular. Nunca teve o menor receio de ironizar os poderosos, ameaçar publicamente e ser midiático. Os chefes das organizadas das outras equipes fogem das câmeras de TV como o diabo da cruz. Bebote, nem tanto.

Ao chegar em Avellaneda, sede do Independiente, no final de março, boa parte da imprensa o esperava, microfones em punho. Ciente do que fazia, ele ficou o tempo inteiro com um capacete de motoqueiro. Não mostrou o rosto, mesmo este sendo conhecido por qualquer fã de futebol. Carregava mala com 200 mil pesos (cerca de R$ 56,5 mil). O dinheiro era para filiar 500 torcedores e alimentar seu sonho de ser presidente do clube.

"As pessoas o identificam como barra brava. Mas ele não é violento. Não há nenhuma condenação contra Álvarez há dez anos. É um erro que seja visto assim", avisa Debora Hambo, advogada de Bebote.

Bebote vivia uma guerra aberta contra Javier Cantero, presidente do Independiente. O homem que cortou os privilégios dos barras bravas e acabou renunciando ao cargo há alguns meses por causa dos resultados dentro de campo. Segundo o cartola, entre outubro e dezembro de 2012, US$ 55 mil (cerca de R$ 125 mil, em valores atuais) das contas do clube foram destinados para Bebote.

Pela sua ausência dos estádios, a organizada do Independiente se dividiu em dois grupos. Os fieis a Álvarez e a barra de César Rodríguez, o Loquillo. Em uma das brigas entre os dois grupos, Rodríguez foi baleado. Neste ano, os dois "líderes" fizeram um pacto de não agressão, o que guindou Bebote de volta ao comando.

"Turista" no Brasil atualmente, Álvarez disse publicamente que daria três tiros no colombiano Fabian Vargas, se este fosse jogar no arquirrival Racing ("Dois na perna direita e um nos testículos", jurou).

Xingou e ameaçou Cantero publicamente várias vezes. Diante das câmeras de televisão, mostrou ossos para cachorros pela janela do carro. Foi ameaça velada aos jogadores do Independiente, que saiu no mês passado da segunda divisão e voltou à elite do futebol argentina. A cena faz alusão a até agora não explicada cena de cachorros enforcados nos arredores do Estádio Libertadores da América.

Aparece sempre mascarado ou encapuzado porque sabe que isso potencializa sua fama. Também não quer ser associado à violência, apesar de tudo. Ganhou 8 mil pesos (R$ 2,3 mil) de indenização da TV América porque lhe mostrou, de cara limpa, em matéria sobre brigas de torcedores.

Em novembro do ano passado, Claudio Cancio, secretário administrativo do Independiente, sofreu assalto em sua casa, em Buenos Aires. Sua família foi mantida refém por quase uma hora. Foram levados US$ 4 mil e 10 mil pesos (R$ 12 mil no total) e ele acusou os barras bravas do time.

Lembrou que na semana anterior, Bebote o havia abordado nas cercanias do estádio e dito "não estar conseguindo segurar mais os companheiros (de torcida)" que queriam "pegar" a Cancio, responsável pela segurança no estádio. Álvarez nega qualquer participação no caso.

Como qualquer líder de barra, ele controla a venda de ingressos no mercado paralelo, exige dinheiro a jogadores e dirigentes para viagem a partidas fora de casa e comanda negócios nos arredores do campo, como flanelinhas e ambulantes.

Álvarez é amigo de vários boleiros. Já foi à Inglaterra ver Kun Aguero jogar pelo Manchester City. Exibe, em sua conta no Facebook, grande coleção de camisas, todas dadas pelos próprios atletas. Tem medalhas de competições, geralmente só dadas ao elenco ou membros da comissão técnica.

Bebote foi um dos fundadores da Hinchadas Unidas Argentinas (HUA), em 2009. Foi um dos seis barras a visitarem a Casa Rosada, sede da Presidência da República, para fechar acordo pelo apoio do governo federal naquele ano. Em 2010, jogadores, dirigentes, empresas e políticos contribuíram com a viagem dos torcedores para a África do Sul.

O procurador-geral Eduardo Casal quer que a Corte Suprema de Lomas de Zamora investigue Bebote e o ex-presidente do Independiente, Julio Comparada, por assédio aos atletas, que teriam sido coagidos a dar dinheiro para que os barras fossem ao Mundial. Também denunciar desvio dinheiro do clube para o mesmo fim.

A presidente da República, Cristina Kirchner, já elogiou publicamente os barras bravas e disse que eles "não são tão ruins assim". Bebote sempre foi um dos principais candidatos a ser a principal cabeça deste movimento no Brasil durante a Copa. Ele chegou a sinalizar que não viria. Estava despistando. Veio e está entre nós.

Editoria de Arte/Folhapress
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