Cantor é espécie de 'Professor Pardal' do rock
"Neil Young - A Autobiografia" tem 404 páginas na edição lançada pela Globo Livros. Traz rock e um pouco de drogas e sexo. E tecnologia.
Há trechos sobre questões tecnológicas em 87 páginas (21,5% do total).
Um tanto sobre gravação de discos, claro, mas também sobre controles de trenzinhos de brinquedo, carros movidos a biocombustível e desenvolvimento de técnicas de som.
O lado "Professor Pardal" do roqueiro canadense é antigo. Seu camarada Stephen Stills conta que, no primeiro período em que tocaram juntos no Buffalo Springfield, de 1966 a 1968, o jovem Young era um tipo de engenheiro de som informal, fuçando em tudo e atormentando os técnicos do estúdio com perguntas.
Louco por trens, criou galpões com complexas miniaturas de ferrovias com dezenas de botões de controle. Nos anos 1970, seu filho Ben nasceu com paralisia cerebral.
Para ele, Young passou meses montando circuitos impressos que funcionassem como sequenciadores das ações dos trens, e fez com que esse sistema pudesse ser comandado por um gigantesco botão vermelho, que Ben acionava com um único toque.
Outra paixão, carros, motivou o projeto LincVolt: criar um carro ecológico, a partir de um Lincoln 1959, "banheira" de sua coleção. Estudou combustíveis, pôs uma mão na graxa e outra no computador.
Quando esteve no Brasil, em 2011, no festival SWU, falou de sustentabilidade, do LincVolt e do Pono,
Young não é só investidor e garoto-propaganda do Pono, é o "pai" da coisa. Um de seus engenheiros, Gary Pine, diz que aprende com o patrão a cada reunião de trabalho.