Análise
Moscou já desafia poder militar aéreo dos Estados Unidos
Depois da descoberta de que forças russas estão montando uma grande base para operações na Síria, mais um sinal de alarme foi tocado por um alto comandante militar americano a respeito daquilo que o Ocidente vê como ameaças de Moscou.
Nesta segunda-feira (14), o general Frank Gorenc afirmou que "a vantagem que nós tínhamos no ar, posso dizer honestamente, está diminuindo".
Ele teoricamente sabe o que diz: é o comandante das forças aéreas americanas na Europa, responsável na prática por coordenar todas as forças ocidentais no setor.
É preciso dar um desconto à fala do general, que, como todo comandante, gosta de pintar um quadro mais sombrio do que o real para angariar mais fundos. Isso dito, ele apontou ameaças bem reais.
Gorenc se referia não só à produção de novos e mais avançados aviões de caça, mas principalmente aos avanços russos no campo da defesa antiaérea.
Sistemas como o S-300 e o S-400 são considerados alguns dos melhores do mundo, e estão presentes em dois pontos estratégicos: Kaliningrado e a Crimeia, anexada em 2014 da Ucrânia.
As forças em Kaliningrado, antiga região da cidade alemã de Königsberg e desde o fim da Segunda Guerra Mundial um encrave russo entre a Polônia e a Lituânia, são as que mais preocupam os EUA.
Hoje, cerca de um terço do território polonês, membro da Otan (aliança militar ocidental), é coberto pelo alcance dos mísseis antiaéreos russos lá instalados. Assim como boa parte do Báltico.
Isso cria virtualmente uma zona de exclusão aérea, em caso de conflito, dado que há poucos aviões furtivos ao radar disponíveis na Europa –poucos F-22 americanos só começaram a ser testados no continente este ano, e os F-35 apenas estarão operacionais por lá na década de 2020. E mesmo esses aparelhos não são considerados imbatíveis.
Kaliningrado, com quase 1 milhão de habitantes, é uma fortaleza: possui uma estação de alerta antecipado contra ataques de mísseis e pelo menos outras 11 instalações militares, que somam cerca de 35 mil soldados e têm tanques, blindados, aviões e também armas nucleares.
No caso da Crimeia, a área do mar Negro fica coberta, o que é especialmente preocupante para o Ocidente no caso de os russos estabelecerem uma força considerável na região de Latakia, na Síria, como todos os sinais indicam nas últimas semanas.
Projetando poder aeronaval no leste do Mediterrâneo e no mar Negro, os russos têm sob sua mira rotas de exportação de petróleo e gás pelo mar na região, e podem interditá-las num conflito.
O investimento russo ocorreu após a curta guerra que o país venceu contra a Geórgia em 2008.
Seus aviões de ataque Sukhoi-25 se mostraram alvos fáceis, e a defesa aérea, descoordenada.
Além de baterias como o S-400, de última geração, foi intensificada a produção de aviões mais avançados, como o modelo de ataque e bombardeio tático Sukhoi-34 e o caça multifunção Sukhoi-35S.
Hoje os Estados Unidos são imbatíveis no quesito de superioridade aérea. A expressão máxima de seu alcance global como potência militar são as frotas de porta-aviões, e o Exército propagandeia que não perde um soldado em ataque aéreo inimigo durante combate desde 1953, na Guerra da Coreia.