Trio inglês Muse traz rock épico e vida extraterrestre ao Brasil
Não há banda mais mitificada hoje no rock do que o Radiohead. Tem-se a impressão que Thom Yorke é um tipo de Midas e que tudo começou com o quinteto inglês. Baladas com letras cortantes do Coldplay? Vieram do Radiohead. Experimentações de estrutura jazzística apoiadas por efeitos eletrônicos? A referência é o Radiohead, como se Aphex Twin nunca tivesse existido. O rock épico e com pegada progressiva do Muse? Radio... chega.
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Banda inglesa Muse traz rock épico e vida extraterrestre ao Brasil em seu primeiro show no país; trio é liderado por Matt Bellamy |
Liderado pelo vocalista e guitarrista virtuose Matt Bellamy, o trio inglês tem quatro discos nas costas e ainda sofre com a comparação. Mesmo assim, tornou-se uma das mais populares bandas européias. Na Inglaterra, o Muse é escalado para fechar grandes festivais, como o Reading, e lota o estádio de Wembley. Nos EUA, toca em lugares menores, fechados; no Brasil não será diferente. A banda fará sua primeira apresentação no país em poucos dias.
"É bom tocar em lugares diferentes, você toca de maneira mais urgente, mais intensa, porque quer formar uma conexão com aquelas pessoas que nunca viram a banda", diz Bellamy à Folha, por telefone.
As comparações com o Radiohead eram mais fortes nos dois primeiros álbuns da banda: "Showbiz" (1999) e "Origin of Symmetry" (2001). Nos dois posteriores, "Absolution" (2003) e "Black Holes & Revelations" (2006), as referências encontradas nas músicas do Muse eram tão variadas e complexas que o Radiohead deixou de ser um parâmetro único.
"Cada um tem seus motivos para estar numa banda. O nosso é explorar e expressar sentimentos que não são tão simples. Emoções complexas são mais excitantes de serem expressas. Mas isso é relativo; nossa música não é tão complexa quanto jazz ou música erudita. Queremos explorar os limites do rock. Além disso, temos canções simples e diretas."
Matt Bellamy, Christopher Wolstenholme (baixo) e Dominic Howard (bateria) se conheceram numa escola na cidade de Teignmouth, na Inglaterra e no meio dos anos 1990 iniciaram a banda. Começaram a ficar conhecidos com o EP "Muscle Museum", de 1999. Guitarras fortes e o vocal gritado de Bellamy davam o tom. O hit "Sunburn" ajudou o primeiro disco a ultrapassar o milhão de cópias vendidas.
O Muse do mais recente álbum traz referências variadas como soul, jazz e space-rock. "[A inspiração] Vem de todos os lugares", afirma o vocalista, que mora na Itália com a mulher. "De relacionamentos com mulheres, com a família, com meu país. Temos canções bem pessoais, como 'Starlight', outras mais divertidas, como 'Supermassive Black Hole'."
Algumas das letras do Muse tratam da obsessão de Bellamy com temas como vida extraterrestre, sociedade de controle e teorias conspiratórias. Como "Knights of Cydonia" (região de Marte que possui formações rochosas semelhantes às pirâmides egípcias e que, para alguns, são indicações de vida extraterrestre).
"É uma referência até meio cômica", diz Bellamy. "Algumas pessoas dizem que em Cydonia há evidências de civilizações antigas. De que Marte, milhões de anos atrás, pode ter sido como a Terra. Acho interessante porque coloca uma perspectiva sobre nossa civilização. É fácil acreditar que nosso mundo sempre existirá do jeito que está. Se olharmos a história, veremos que civilizações vão e vêm a toda hora."
MUSE
Quando: 31 de julho, às 22h
Onde: HSBC Brasil (r. Bragança Paulista, 1.281, Chácara Santo Antônio, tel. 0/xx/11/4003-1212)
Quanto: de R$ 140 a R$ 250 (classificação: não recomendado para menores de 14 anos)
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