Destaque na Flip, escritor Juan Villoro irá escrever sobre Copa no Brasil
Quando Juan Villoro, 57, era criança, seu pai o levava para assistir aos jogos do Necaxa, time mexicano que hoje atua na segunda divisão. Apesar de estar em baixa, o clube não perdeu um de seus mais ilustres torcedores.
"Torcer para um time não está relacionado a vitórias. Nós, mexicanos, não ganhamos nunca torneios importantes, mas estamos entre os mais fanáticos do planeta."
Cinco décadas depois da cena acima, Juan Villoro estará no Brasil para narrar, com as sarcásticas crônicas que o projetaram mundo afora, a sua quinta Copa do Mundo —ele fará a cobertura do evento com o argentino Martín Caparrós para jornais como o "Reforma", do México, do qual é colunista.
Alex Cruz/Efe | ||
Juan Villoro em palestra ministrada na Cidade do México |
Depois, voltará ao país como um dos destaques da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), em julho.
A Companhia das Letras lançará aqui seu mais recente romance, "Arrecife" (trad. de Josely Vianna Baptista), enquanto sua peça "Filosofia de Vida", que ficou em cartaz em Buenos Aires por mais de um ano, também terá uma montagem em São Paulo.
Villoro é hoje o principal escritor mexicano. Criado numa família de intelectuais —o pai que o levava às partidas era o filósofo Luis Villoro, morto no começo do mês—, escreve para revistas literárias ("Letras Libres"), de crônicas ("Etiqueta Negra"), jornais como "El País" (Espanha) e o "Reforma". Venceu o prêmio Herralde (2004) e acaba de assumir cadeira no Colegio Nacional —espécie de ABL mexicana.
"Arrecife" ocorre em dois planos. Um deles é o México dos anos 60, 70, da contracultura. Outro, nos dias de hoje, no país em que o turismo rompe limites.
"A fórmula das praias e das pirâmides não atrai mais. As pessoas querem turismo de perigo, e se aventuram nas terras do narcotráfico. É como se o perigo virasse o objeto último do desejo", disse à Folha.
De fato, já existem lá agências que simulam a transposição ilegal da fronteira.
No romance, ecoam as lembranças do escritor, que passou pelo mundo do rock e foi coautor de canções do grupo Cafe Tacuba.
Villoro é um crítico dos rumos tomados pelo jornalismo na era digital. "Os jornais estão correndo atrás da internet, e não vão ganhar essa. Precisam se diferenciar ao valorizar o texto original, a crônica vinculada ao noticiário."
Sobre o fato de a seleção mexicana ser adversária do Brasil, Villoro diz que os brasileiros "não têm com que se preocupar".
"Somos educados e sempre perdemos para os donos da casa. Foi assim na África do Sul, aí será igual."
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