Último grande momento do rock inglês, britpop completa 20 anos
No dia 30 de agosto de 1994, as lojas de disco da Inglaterra começaram a vender o álbum que se transformaria em ícone de um movimento musical que pipocava com insistência na imprensa local: o britpop.
"Definitely Maybe" não é o primeiro espécime, mas é definitivamente (sem "talvez") o produto cultural que incorporou as características essenciais do britpop: o formato guitarra-baixo-bateria e as letras que falavam diretamente ao jovem inglês da classe operária —e vocalistas que exibiam sotaques de suas cidades com evidente orgulho.
Foi detonada ali a Oasismania. As canções escritas pelo guitarrista Noel Gallagher e cantadas por seu irmão, Liam, tomaram rádios e festas. Eram entoadas em estádios de futebol, sem distinção de torcidas.
Cinco anos antes, outro grupo formado em Manchester, o Stone Roses, fez furor. Seu disco de estreia foi um dos primeiros a ganhar o rótulo britpop, ao lado de bandas como Inspiral Carpets (que tinha Noel Gallagher como carregador de equipamentos) e Pulp, esta na estrada desde 1978.
Na mesma época, o Blur, do vocalista Damon Albarn, também beliscava as paradas, com um pop raso e penteados de quem corta o cabelo colocando uma tigela na cabeça e aí passa a tesoura.
A falta de um bom segundo álbum fez sucumbir o Stone Roses. Mas, em 1993, a evolução do Blur, com um disco bacana ("Modern Life Is Rubbish"), e o surgimento do Suede, pilotado pela dupla Brett Anderson e Bernard Butler, mostraram nova força.
RIVALIDADE
A imprensa inglesa estava louca para contrapor algo de peso ao grunge americano, mas faltava um Nirvana ao britpop. Ele veio com o Oasis e seus hinos, como "Live Forever" e "Wonderwall".
A onda transbordava além da música. Os Gallagher disparavam declarações provocativas e pretensiosas, elevando o Oasis como a coisa mais importante do rock desde os Beatles, confessadamente seus ídolos e influência.
"Os Beatles gravaram 49 das 50 maiores músicas da história", disse Noel. "A 50ª? É Wonderwall'", emendou.
Numa associação semelhante à rivalidade entre Beatles e Rolling Stones três décadas antes, o Blur surgiu como o "sparring" que os semanários de música queriam.
O dia 12 de agosto de 1995 se transformou em "a batalha do britpop". No auge da popularidade, Oasis e Blur lançaram seus novos singles nessa data –respectivamente "Roll with It" e "Country House".
A expectativa foi enorme (como mostra a capa do semanário "NME", abaixo). O Blur terminou o dia em primeiro lugar das paradas, mas o Oasis soltaria meses depois o álbum mais vendido da década na Inglaterra, "(What's the Story) Morning Glory".
Com o fim do Oasis, o britpop resiste hoje apenas nos trabalhos separados dos Gallagher (Noel solo e Liam no Beady Eye) e em ações nostálgicas como o relançamento turbinado de "Definitely Maybe" (leia abaixo).
Hoje, a vez é de nomes como Coldplay e Muse. Triste.
Reprodução | ||
Capa da revista semanal 'NME' que retrata a 'disputa' entre Blur e Oasis |
Livraria da Folha
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