Biógrafo de Roberto Carlos diz que pretende lançar versão atualizada de obra recolhida
Protagonista de um dos principais embates judiciais vividos pelo cantor Roberto Carlos, o jornalista e biógrafo Paulo Cesar de Araújo afirmou nesta quarta-feira (10) que a decisão do Supremo Tribunal Federal de liberar a publicação de biografias não autorizadas representa "um novo contexto" cultural para o país, com "plena liberdade".
Ao deixar o STF, o biógrafo disse que pretende preparar uma nova edição do livro "Roberto Carlos em Detalhes", que foi vetada pelo artista e acabou recolhida em 2007 após um acordo entre o músico, a editora Planeta e o autor.
Ele pretende incluir na obra que foi produzida em 2006 novos fatos da vida do cantor, como a história da música "Esse Cara Sou Eu" e a batalha sobre a biografia.
"Meu livro voltará atualizado", disse. "A biografia foi produzida em 2006. Ele não tinha feito a música "Esse Cara Sou Eu". Tem fatos novos que aconteceram no Brasil em relação à carreira dele, tem o capítulo mais importante da fase da vida dele que é a questão das biografias. Ele sempre foi apolítico. Toda causa pública ele não quis abraçar. Aos 70 anos, ele quis abraçar a censura prévia [de biografias]. Ele foi derrotado e esse fato tem que ser narrado. Tudo isso faz parte da história de Roberto Carlos."
O jornalista afirmou que não tem mais contrato com a editora Planeta e que irá estudar as propostas. Ele diz não ter tratado do tema com nenhuma editora e que vai primeiro falar com seu advogado.
Paulo César afirmou, inclusive, que está disposto a enfrentar uma nova briga com o cantor na Justiça. Os ministros do Supremo entenderam a exigência de autorização do biografado para a produção de obras representaria uma censura, que é incompatível com a Constituição, que garante a liberdade de expressão.
Especialistas dizem que a decisão do Supremo não é retroativa e, portanto, ao menos em tese, aquele livro não poderia voltar a ser publicado.
O biógrafo pensa diferente. "É o mesmo que, no dia seguinte à Lei Áurea, o senhor de escravos dizer que tem uma carta da Justiça que lhe dá direito a possuir aqueles escravos", comparou.
Os ministros entendem que eventuais distorções podem ser discutidas na Justiça posteriormente, uma vez que a legislação já garante medidas reparadoras como indenizações, retratações e direito de resposta.
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