Fãs paulistanos do Queen podem julgar Adam Lambert em show hoje
Os fãs do Queen se dividem em dois grupos: aqueles que gostam de continuar indo a shows para ouvir o caminhão de sucessos da banda inglesa, mesmo sem Freddie Mercury (1946-1991), e os que tratam como heresia a escalação do cantor Adam Lambert no lugar de seu ídolo imortal.
Provavelmente os dois grupos estarão representados na noite desta quarta (16) no Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo. Os paulistanos recebem o Queen antes da apresentação da banda na abertura do Rock in Rio, na sexta (18).
Mesmo os detratores de Lambert vão comparecer. Afinal, a banda não vem ao Rock in Rio desde 1985, ano da primeira edição, quando deu dois shows consagradores.
Os remanescentes do Queen original são o guitarrista Brian May e o baterista Roger Taylor –o baixista John Deacon não se interessou pelas "ressurreições" do grupo.
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Adam Lambert (esq.) e Brian May se apresentam com o Queen |
Enquanto a banda se apresentou em festivais e num tributo a Mercury, com vários cantores interpretando as músicas, ninguém reclamou. Afinal, ouvir gente como David Bowie e Annie Lennox cantando era uma homenagem à altura do vocalista.
A coisa complicou um pouco em 2005, quando May e Taylor fizeram turnê e disco com Paul Rodgers no microfone. Pessoas torceram o nariz, mas o cantor inglês tinha a seu favor ser contemporâneo de Mercury e ter carreira no Free e no Bad Company.
Mas a escalação de Adam Lambert foi bem mais inusitada. O cantor americano ficou conhecido em 2009, quando participou do programa de calouros "American Idol". Chegou até a final e, mesmo sem vencer, transformou-se no destaque do ano.
Lambert declarou ser homossexual e começou carreira solo de sucesso. O convite para cantar com May e Taylor veio em 2011, mas o trio se conhecia desde o "American Idol" –a dupla do Queen participou do programa.
Além de repetir em toda entrevista que Mercury é insubstituível, May e Taylor tiveram outro cuidado para não irritar fãs do vocalista. Em todo o material de comunicação visual do trio, o nome é Queen + Adam Lambert, para ressaltar que não é uma pessoa no lugar de Mercury.
No entanto, a ideia está longe da aprovação total. Em redes sociais, fãs mais radicais chamam a encarnação do Queen com Lambert de "banda cover", sem entrar em reclamações mais agressivas.
Mas Queen + Adam Lambert tem uma arma infalível para agradar por duas horas: o repertório extraordinário que o Queen original construiu nos anos 1970 e 1980.
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PLANO B Trocas de cantores que dividiram fãs das bandas
DAVID LEE ROTH - SAMMY HAGAR
Em 1985, quando Roth deixou o Van Halen para seguir carreira solo, parte dos fãs odiou a escalação de Hagar. Mas tudo iria piorar em 1996, com Gary Cherone, do Extreme
ROB HALFORD - TIM RIPPER OWENS
Em 1991, Halford deixou o Judas Priest para carreira solo; Owens, fã de carteirinha da banda, ganhou seu lugar depois de vários testes, mas não emplacou; Halford voltou em 2003
MAX CAVALERA - DERRICK GREEN
Com a saída de Max, em 1997, o Sepultura tentou seguir com o guitarrista Andreas Kisser no vocal. Mas decidiu pelo gigantesco Green, que só um tempo depois ganharia os fãs
RENATO RUSSO - WAGNER MOURA
Em 2012, Marcelo Bonfá e Dado Villa-Lobos chamaram o ator de "Tropa de Elite" para cantar o repertório da Legião Urbana em show promovido em São Paulo pela MTV. Fãs chiaram
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