crítica
Will Smith sozinho não salva trabalho raso sobre racismo
Ver "Um Homem Entre Gigantes" logo após o ato de afirmação afro-americana na entrega do Oscar, em resposta à ausência de negros indicados, mostra como o cinema, além de arte e entretenimento, é também marketing político.
Will Smith recebeu uma indicação ao Globo de Ouro de melhor ator pelo filme e o não reconhecimento de seu trabalho pela Academia foi um dos vários motivos do protesto.
Ele vive um médico imigrante de origem africana em luta contra o poder. A seriedade agrega valor à imagem, até agora mais brincalhona, de Smith e justifica os elogios.
Dr. Bennet Omalu é um personagem que já vimos milhares de vezes. Íntegro e idealista, ele se arma da verdade para combater a corrupção. Ao descobrir que atletas de futebol americano estão sujeitos à demência precoce por causa dos choques, confronta a poderosa NFL (liga nacional de futebol americano dos EUA).
Divulgação | ||
Will Smith e Alec Baldwin em cena de 'Um Homem Entre Gigantes' |
No cinema, esse heroísmo da razão, e não só dos músculos, raramente vem numa pele além da de homem branco.
Sim, já vimos atores negros como Sidney Poitier, Morgan Freeman ou Lázaro Ramos em papéis sem estereótipos. Mas "Um Homem Entre Gigantes" quer ir além da tradicional representação positiva.
O diretor e roteirista Peter Landesman preserva a natureza imaculada do herói, estirpe que vai de Cristo ao Capitão América, sempre brancos e belos, e altera a cor da pele.
Apesar do suposto ganho simbólico, o filme nem arranha as camadas morais, sociais e econômicas do racismo, pois seu herói, apesar dos pesares, acredita na América.
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