CRÍTICA
'Batman vs. Superman' é trailer estendido para duas horas e meia
Diz o ditado que não se deve julgar um livro pela capa. Mas e um filme pelo trailer, podemos?
A questão é claramente superficial, mas, no caso de "Batman vs Superman: A Origem da Justiça" é justa. E a resposta é "mais ou menos".
Com o lançamento do segundo trailer oficial do filme, em dezembro de 2015, todos os arcos da história foram revelados: Batman, após presenciar a destruição de Metrópolis causada no duelo entre Super-Homem e Zod em "O Homem de Aço" (2013), decide acabar com o sonho americano do kryptoniano. Lex Luthor também.
Tinha mais: enquanto Bruce tenta resolver o problema com as próprias mãos, Lex decide transformar o cadáver de Zod em Apocalipse, o monstro que nos quadrinhos foi responsável pela "morte" do Super-Homem na década de 1990. Também tem a Mulher-Maravilha, que convenientemente aparece para salvar o dia e iniciar os planos da Warner de fazer um filme da Liga da Justiça.
Com tudo isso acontecendo em um trailer de menos de três minutos, e a quase quatro meses da estreia, não espanta que o filme passe a sensação de ser uma versão estendida da peça publicitária.
Contar com um diretor pouco criativo como Zack Snyder também piora as coisas. O cansativo uso de imagens em câmera lenta, efeitos digitais que beiram o incompreensível e fotografia ancorada em tons de azul e laranja dão à "Batman vs Superman" cara de mais um filme da série "Transformers". Sem contar a escolha absolutamente desnecessária pelo 3D.
Com tanta coisa jogando contra, chega a ser uma surpresa ver que coube a Ben Affleck, muito criticado pelos fãs quando sua escalação foi anunciada, salvar o filme.
Sua dupla Bruce Wayne/Batman, embora seja apresentada pela milésima vez (quem nesta Terra não sabe a origem do personagem?), consegue criar um vínculo interessante com o expectador ao se mostrar vulnerável, e por vezes impotente diante de seres tão extraordinários, ao mesmo tempo em que apresenta determinação e certa irracionalidade inéditas no cinema.
Por outro lado, Jesse Einserberg cria um Lex Luthor caricato, Henry Cavill um Super-Homem pior que o de "O Homem de Aço", e Amy Adams é apenas correta como Lois Lane. Uma pena. Como fã de quadrinhos, fica clara a sensação de que uma excelente oportunidade foi perdida. Que o filme da Liga da Justiça seja melhor.
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