CRÍTICA
Do heavy metal a baladas, disco de Lobão transborda boas referências
Paulinho da Viola, Garoto, Villa-Lobos, Humble Pie, Free, Deep Purple, Black Sabbath, Led Zeppelin, Yes, Jimi Hendrix, Canhoto da Paraíba, Zé Ramalho, Billie Holiday e até Dolores Duran.
Em quase duas horas de conversa com Lobão, suas declarações sobre seu novo álbum "O Rigor e a Misericórdia" enfileiram citações tão relevantes na história da música do século passado quanto inusitadas quando agrupadas.
Antes de ser o ativista da internet, o escritor best-seller e o cantor de sucessos pop, Lobão é um músico. Com recursos de instrumentista e vontade de inovar, atributos que ficam bem evidentes no CD.
Para começar, é um trabalho inclassificável. Tem heavy metal, balada, choro e até um gospel pesado que lembra o Queen nos anos 1970 –ops!, olha aí mais uma citação.
A mistura soa fresca, sem sinal de cópia ou pastiche. Reconhecer na pesada "Os Vulneráveis" a bateria de "Electric Funeral", do Black Sabbath, ou algo de Jimmy Page nas guitarras na mesma faixa é passatempo para especialistas.
O público terá mais facilidade para encontrar a referência a Zé Ramalho em vocais guturais ou para admirar a singeleza de baladas como "Uma Ilha na Lua" ou a notadamente encantadora "A Esperança É a Praia de um Outro Mar".
Canções raivosas como "Dilacerar" e "Profunda e Deslumbrante como o Sol" servem para não deixar dúvida sobre o DNA roqueiro de Lobão.
O disco não cede ao panfleto. Há atemporalidade, mesmo que uma música como "A Posse dos Impostores" sirva de registro sonoro da crise.
"O Rigor e a Misericórdia" provavelmente continuará ótimo daqui a dez anos.
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