CRÍTICA
'13 minutos' fala sobre nazismo e segue tom voltado para Oscar
Em "13 Minutos", Oliver Hirschbiegel volta ao tema de seu filme mais famoso, "A Queda! As Últimas Horas de Hitler". Os 13 minutos a que o título se refere foi o tempo que impediu a queda do Führer seis anos antes de 1945.
Vemos a tentativa de Georg Elser (Christian Friedel) de mandar para os ares o comandante nazista falhar porque o discurso em Munique acabou 13 minutos antes do horário previsto, fazendo com que a bomba explodisse depois de Hitler ter deixado o local.
Na prisão, entre as intermináveis torturas que sofre, Elser se põe a lembrar: os dias alegres de verão; o sofrimento de sua família com a ascensão nazista; a paixão por Elsa (Katharina Schüttler), mulher casada e brutalizada pelo marido (analogia um tanto óbvia à brutalidade nazista).
Um filme construído, então, em cima de flashbacks. Em cima, também, de uma série de procedimentos da cartilha do chamado "filme de arte", sobretudo quando o que está em jogo é a barbárie nazista.
Divulgação | ||
O ator alemão Christian Friedel como Georg Elser em "13 minutos", de Oliver Hirschbiegel |
Nessa cartilha estão, entre outras coisas: a tonalidade azulada da fotografia, luzes fortes do lado de fora das janelas nas cenas de penumbra, crianças diabólicas e uniformizadas, cenas em que o protagonista observa atônito o mal que só ele percebe, imagens de arquivo.
O que mais abala o filme, porém, é sua incapacidade de nos transportar para 1939. Christian Friedel é um ator capaz de conseguir esse feito. Alguns coadjuvantes também. Mas quando vemos Katharina Schüttler em cena, seus gestos e olhares, não acreditamos que é uma mulher daquela época, apesar do penteado e do figurino.
Quando os nazistas estão em cena, a visão crítica dos poucos que estão contra o que está acontecendo parece postiça, colocada a fórceps como maneira de lidar, hoje, com o horror do passado.
Claro que muitos na época viam de maneira negativa a ascensão nazista. O problema é como essa rejeição é mostrada. Se não compramos a ideia de que estamos nos anos 1930, ao menos em representação, nada mais funciona.
É esse o maior problema de um filme construído com preocupação histórica e realista que não se permite driblar a reconstituição de época para inventar formas, preferindo o tom edificante, voltado para o Oscar.
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