Carreira de Nina Simone mistura ótima música e ativismo político

THALES DE MENEZES
DE SÃO PAULO

Ser uma das maiores cantoras da história, transitando entre vários gêneros além do jazz, não fez Nina Simone (1933-2003) esquecer as rejeições com as quais se defrontou por causa da cor da pele.

Sua história é contada no quinto volume da Coleção Folha Lendas do Jazz. O livro-CD chega às bancas no próximo domingo (16).

Nascida Eunice Waymon, na Carolina do Norte, ela era uma adolescente querendo se tornar pianista de música erudita no fim dos anos 1940. Talento sobrava, mas ser negra a impediu de frequentar a escola que queria. Mudou-se para Nova York e, para pagar estudos na Julliard School, começou a tocar em um bar em Atlantic City.

Misturando jazz, blues, folk e peças clássicas, além de músicas de sua autoria, atraiu atenção. O primeiro álbum, "Little Girl Blue" (1958), foi mais apreciado pela crítica do que comprado pelo público, mas já trouxe o maior sucesso de sua carreira, "My Baby Just Cares for Me", que a acompanhou por décadas.

Nos anos 1960 ela aderiu ao movimento pelo direitos civis dos negros. Entre seus sucessos, dois provocaram reações polêmicas: "Mississippi Goddam", sobre a explosão em uma igreja batista que causou a morte de quatro meninas negras, e "Four Women", uma homenagem às mulheres negras.

"A pior coisa de sofrer preconceito é que, ao mesmo tempo que você se sente machucado e com raiva, ele alimenta suas dúvidas, você começa a pensar que talvez não seja bom o suficiente", disse em uma entrevista.

Combatida por seu ativismo e envolvida em sérios problemas financeiros por deixar de pagar impostos, Nina deixou os Estados Unidos nos anos 1970. Gravou seu último disco, "A Single Woman", em 1993. Morreu em casa, na França, em 2003, depois de enfrentar um câncer de mama durante alguns anos.

Carlos Calado, crítico de música e colaborador da Folha, conta no texto do volume da Coleção que Nina deu trabalho às equipes de produção dos shows nas três vezes em que se apresentou no Brasil. Em 1985, empolgou em duas noites no Free Jazz Festival, no Rio e em São Paulo. Em 2000, cantou por uma noite no Bourbon Street, em São Paulo.

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