Crítica
'Todas as Manhãs do Mundo' extrai beleza a partir de rigor
Divulgação | ||
Onça pintada captada pela manhã no Pantanal em cena de 'Todas as Manhãs do Mundo' |
Equipes em vários continentes, anos de produção e tecnologia de ponta podem resultar em uma superprodução que, a cada cena, evidencia seu caráter grandioso. Mas todo esse aparato pode também dar origem a um filme simples e belo.
"Todas as Manhãs do Mundo" se enquadra nessa última categoria. É simples sobretudo porque parte de um mote de fácil compreensão.
O filme se propõe a apresentar a natureza –a fauna, especialmente– em diferentes lugares do mundo nos instantes em que surgem os primeiros raios de sol.
Para criar uma narrativa capaz de dar coesão às imagens, o diretor e produtor Lawrence Wahba convidou o roteirista Rubens Rewald, que, por sua vez, entregou a condução da trama aos personagens Água (voz de Letícia Sabatella) e Sol (Aílton Graça).
Surge daí um novo exemplar do que se convencionou chamar de "docudrama". Neste caso, voltado principalmente às crianças, mas capaz de agradar também aos pais –é evidente a influência do filme francês "A Marcha dos Pinguins" (2005).
A narração costurada por Rewald certamente contribui para o ritmo do filme. Mas de nada serviria sem o impacto das imagens.
A beleza de "Todas as Manhãs" está na seleção rigorosa de registros obtidos em países como Zâmbia, Botsuana, Indonésia, Noruega, Canadá, México e Brasil. O trabalho de filmagem se estendeu por 44 semanas, entre 2010 e 2015.
Nas savanas africanas, os embates entre grupos de leões e búfalos intercalam força, velocidade e cálculo.
No Pantanal, a onça perde a pose majestosa ao ser perseguida por um grupo de ariranhas. Mas não se dá por vencida: cai nas águas do rio para abocanhar um jacaré.
E por aí vai o "docudrama", com ursos, hipopótamos, pinguins se alternando como protagonistas.
Em alguns momentos, a música ganha presença ostensiva quando deveria ser discreta. É um ruído, mas não chega a ser problema grave.
Com mais de duas décadas de produções ligadas à natureza, o paulistano Wahba atinge, aos 48 anos, seu ápice profissional com "Todas as Manhãs do Mundo".
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