Pioneiro, 'Frankenstein' aterrorizou gerações e inspira até livros infantis
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A escritora Mary Shelley em retrato pintado por Richard Rothwell por volta de 1840 |
Há 200 anos, Mary Shelley (1797-1851) teve uma insônia durante uma madrugada chuvosa à beira do lago Genebra, na Suíça. As imagens sucessivas de uma figura horrenda que ganhava vida nas mãos de um jovem cientista, pálido e ambicioso, fizeram-na levantar e transcrever os terrores que trazia à mente.
A escritora inglesa, então aos 19 anos, adentrou a cultura popular ocidental com "Frankenstein", obra que aterrorizou gerações e ainda inspira adaptações para cinema, televisão, teatro e até livros infantis.
Considerado um precursor da ficção científica, o romance chega às bancas no domingo (5), pela Coleção Folha Mulheres na Literatura, que reúne obras escritas por autoras que atravessaram gêneros, lugares e épocas.
A faísca que desencadeou a imaginação de Shelley foi lançada pelo poeta Lord Byron, que se hospedava com a autora, seu futuro marido, o poeta Percy Bysshe Shelley, e o escritor John Polidori.
Em meio às chuvas torrenciais e à neblina do verão de 1816, cenário causado por uma erupção vulcânica onde hoje é a Indonésia, Byron leu histórias de fantasmas e provocou os presentes a criarem suas narrativas.
Apesar da ascendência ilustre –Shelley era filha do filósofo William Godwin e da escritora feminista Mary Wollstonecraft–, a história do cientista Victor Frankenstein foi a sua primeira incursão na literatura.
"Ocupei-me em pensar em uma história para rivalizar com aquelas que nos tinham estimulado à tarefa. Uma que falasse dos grandes medos misteriosos de nossa natureza", escreveu a autora em introdução à edição de 1831.
Em "Frankestein", Shelley traduziu temas de conversas da época, de tempestades a experimentos científicos. Entre eles, a ideia de que a eletricidade, recém-chegada aos lares, poderia ser usada para reviver os mortos.
O personagem principal, Victor Frankenstein, tem como propósito revolucionar a ciência a partir da criação de um ser vivo com formas humanas. O estudante, contudo, perde o controle sobre a própria criatura.
"Fui o autor de males inalteráveis", diz Victor, "e vivi a cada dia o medo de que o monstro que criei viesse a perpetrar novas maldades".
O texto de Shelley foi atualizado e modificado em suas diversas adaptações, mas as questões que levanta sobre a natureza humana continuam relevantes.
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