Mercado espera inflação maior e crescimento menor do PIB em 2013
Diante da expectativa de uma nova elevação nos juros nesta semana e uma retomada ainda incerta da atividade econômica, o mercado voltou a prever um cenário mais sombrio para o crescimento do país neste ano.
A projeção para o PIB caiu pela segunda semana seguida no boletim Focus, divulgado pelo Banco Central nesta segunda-feira. O documento reúne semanalmente previsões de cerca de cem instituições financeiras do país.
Os analistas projetam agora crescimento de 2,93% neste ano, ante os 2,98% da última semana, quando as previsões ficaram abaixo de 3% pela primeira vez no ano. O PIB do primeiro trimestre será divulgado nesta quarta-feira e dará uma indicação mais precisa sobre o ritmo de avanço da atividade.
O cenário para este ano é de inflação em nível elevado --a previsão teve leve alta, para 5,81% -- e um esforço contínuo do Banco Central para controlar a pressão dos preços.
As análises compiladas no Focus sugerem uma alta de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros nesta semana e novos avanços ao longo do ano, até os 8,25% previstos para o final de 2013. Para 2014, a Selic deve chegar a 8,5%.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC volta a se reunir na quarta-feira para definir o próximo passo da política monetária depois de ter dado início em abril a um ciclo de aperto, com elevação da Selic em 0,25 ponto percentual, a 7,50%.
A reunião do Copom acontece em meio a um cenário de preocupações tanto com o crescimento econômico quanto com a inflação. Após declarações recentes do presidente do BC, Alexandre Tombini, de que a autoridade monetária fará o que for necessário para a inflação cair na segunda metade do ano, parte do mercado passou a acreditar que o ciclo de aperto pode ser mais intenso.
Pesquisa da Reuters apontou que 26 de 50 bancos e consultorias esperam que o BC subirá a Selic em 0,50 ponto percentual agora, para 8%. O restante espera aumento de 0,25 ponto, para 7,75%.
Soma-se ao quadro de alta nos juros a expectativa de um crescimento menor para a indústria: a nova previsão é de 2,43%, quase 0,5 ponto percentual abaixo do esperado há um mês.
CONTAS EXTERNAS
Outro dado chama atenção nas expectativas compiladas no levantamento semanal: a piora para as contas externas. Os analistas já não consideram mais possível que o saldo da balança comercial alcance os US$ 9 bilhões neste ano, como previam na última semana.
Com uma redução para algo próximo de US$ 8,3 bilhões nessa rubrica, houve queda também na expectativa das contas externas, que deve chegar a US$ 72 bilhões, de acordo com a nova estimativa. Trata-se da terceira queda seguida no indicador.
Embora o país tenha reservas de US$ 400 bilhões para suportar uma piora das contas externas, especialistas passaram a chamar atenção para o crescente deficit como ameaça para a estabilidade do país mais adiante.
Com agências de notícias
VEJA AS PREVISÕES DO BOLETIM FOCUS
Indicador | 2013 | 2014 |
---|---|---|
IPCA | 5,81% | 5,8% |
PIB | 2,93% | 3,5% |
Selic | 8,25% | 8,5% |
Produção industrial (% do crescimento) | 2,43% | 3,1% |
Taxa de câmbio (R$/US$) | R$ 2,03 | R$ 2,07 |
Balança comercial | US$ 8,3 bilhões | US$ 10,4 bilhões |
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