Retomada econômica dos EUA é motivo para recuo de emergentes
A agência de classificação de crédito Standard & Poor's melhorou ontem a perspectiva de rating dos Estados Unidos, de "negativa" para "estável", afirmando que a probabilidade de um rebaixamento no curto prazo é menor do que um terço.
A mudança reforça a visão do mercado de que a recuperação da economia americana está se firmando e que o Fed, o BC dos EUA, deve reduzir os estímulos monetários e, posteriormente, elevar os juros, hoje em quase 0%.
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Isso seria má notícia para os emergentes, ao menos no curto prazo. Em busca de maior rendimento, investidores passariam a aplicar parcela maior de seu capital em países ricos, em detrimento de mercados como o Brasil.
"A decisão da S&P não surpreendeu o mercado, mas reforça a percepção de que a economia americana está definitivamente melhorando, não se trata de um alarme falso, como em outras ocasiões", disse Sean West, diretor do Eurasia Group.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
A S&P manteve a nota dos EUA em AA+, a segunda mais alta. "Pontos fortes dos EUA são a economia resistente, a credibilidade monetária e o status do dólar como moeda de reserva mundial", disse a S&P em comunicado. A agência cita também melhora na arrecadação de impostos e corte de gastos.
"Acreditamos que a economia americana vai se equiparar ou superar a de seus pares nos próximos anos."
A situação fiscal dos EUA vem melhorando. Segundo o Escritório do Orçamento do Congresso, o deficit do Orçamento dos EUA deve fechar o ano em 4% do PIB, metade do de 2009 (10,1% do PIB).
A S&P projeta que os EUA irão crescer entre 2% e 2,5% neste ano e 3% no ano que vem. A agência não acredita que a negociação para elevação do limite do endividamento federal, que deve ocorrer em setembro, possa levar a problemas graves.
A tumultuada negociação para elevar o teto da dívida em 2011 levou a um rebaixamento de nota de AAA para AA+ em agosto daquele ano.
West, do Eurasia, ressalta também a exploração de gás de xisto, a grande probabilidade de aprovação da reforma da imigração, a aposta do governo Obama em tratados de livre comércio como a Parceria Transpacífico como novos motores de crescimento.
"Vemos muitos sinais positivos: inflação ao consumidor abaixo de 1,5%, aumento nos gastos do consumidor de 2% a 2,5%, investimento crescendo de 4 a 4,5% e confiança do consumidor em alta", disse à Folha Gregory Daco, economista sênior da IHS Global Insight.
No Brasil e outros emergentes, investidores reagiram com redução de apetite por risco e consequente queda nas cotações das moedas. "No atual panorama, olhando o cenário externo --com EUA melhorando e a China deixando a desejar-- e a economia interna que também deixa a desejar, o mercado se protege no dólar", diz Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora. "As expectativas são de que não haja alívio no dólar pelo menos por enquanto", completou. Ontem o dólar à vista fechou cotado a R$ 2,146, alta de 0,58%.
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