Apesar de novas intervenções do BC, dólar fecha em maior nível desde 2009
Mesmo após o Banco Central ter injetado US$ 4,494 bilhões no mercado nesta terça-feira (18), a moeda americana fechou em leve alta, em meio a preocupações com uma possível redução de estímulo econômico nos EUA.
O dólar à vista --referência para as negociações no mercado financeiro-- teve valorização de 0,11%, fechando o dia cotado em R$ 2,163 na venda --maior nível desde 1º de maio de 2009, quando estava em R$ 2,174.
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O dia também foi positivo para a Bolsa brasileira, cujo principal índice, o Ibovespa, fechou em alta de 0,76%, para 49.464 pontos.
O dólar comercial --utilizado no comércio exterior-- subiu 0,55% no dia, para R$ 2,178.
A moeda começou o dia com avanço de mais de 1%, forçando o Banco Central a interferir no mercado de câmbio por duas vezes. Desde o dia 4 deste mês, foram oito intervenções.
A autoridade promoveu entre 9h50 e 10h20 (horário de Brasília) dois leilões de swap cambial tradicionais, que equivalem a venda de dólares no mercado futuro. A medida visava conter o avanço da moeda, que atingiu R$ 2,186 logo depois da abertura dos negócios.
Na primeira operação, foram vendidos todos os 60 mil contratos ofertados, com vencimentos em 1º de agosto e 2 de setembro de 2013, por US$ 2,994 bilhões.
Outros 40 mil contratos, com vencimentos em 2 de setembro e 1º de outubro de 2013, foram ofertados no segundo leilão do dia. Desse total, 30,2 mil contratos foram vendidos, por US$ 1,5 bilhão.
Ontem, a autoridade monetária nacional já havia interferido no mercado de câmbio, também através de leilão de swap cambial tradicional, quando a moeda americana chegou a R$ 2,178 no mercado à vista.
Outras cinco operações como essa foram realizadas desde o dia 4 deste mês. Além disso, o governo também zerou o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) sobre os investimentos de estrangeiros em renda fixa no país e sobre os derivativos cambiais (mercado futuro de dólar).
Todas essas medidas foram tomadas para tentar conter o avanço do dólar em relação ao real.
"O BC não está entrando no mercado para derrubar o dólar. Ele está entrando para dar liquidez (aumentar o volume de negócios), por isso tem feito interferências quando a moeda atinge níveis diferentes todo dia", disse Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora.
Segundo operadores ouvidos pela Folha, a tendência do dólar continua sendo de alta, enquanto durarem as incertezas sobre a permanência dos estímulos econômicos nos EUA.
Amanhã, sai decisão do Fed (BC norte-americano) sobre a taxa de juros do país, que é hoje praticamente zero, e o presidente da instituição, Ben Bernanke, fará um novo pronunciamento.
Embora investidores não apostem em mudança imediata dos juros, esperam encontrar, na fala de Bernanke, sinais mais claros sobre a manutenção ou não dos estímulos monetários no país. O BC dos EUA recompra, mensalmente, US$ 85 bilhões em títulos públicos a fim de injetar recursos na economia.
Se o discurso de Bernanke reforçar no mercado as apostas na retirada dos estímulos, porém, a tendência de alta do dólar pode se intensificar.
Isso porque o segundo passo, na avaliação de especialistas, seria a elevação do juro americano, o que deixaria os títulos do Tesouro dos EUA, remunerados pela taxa e considerados de baixo risco, mais atraentes aos investidores globais do que aplicações em emergentes.
"Um possível corte dos estímulos econômicos nos EUA reduziria o volume de dólares no mercado mundial. Isso também diminuiria a já fragilizada entrada da moeda americana no Brasil, pressionando a cotação do dólar para cima", diz Waldir Kiel, operador da H.Commcor.
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Intervenções do governo no dólar |
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