Investimento em imóvel implica renúncia
A alta de preços observada no mercado imobiliário brasileiro nos últimos anos chamou a atenção dos investidores para essa classe de ativos havia muito desprezada.
Segundo os índices de preços de imóveis, a variação de janeiro de 2008 a dezembro de 2012 foi acima de 100%.
Consórcio é indicado só para retorno a longo prazo
Imóveis de alto padrão voltam a atrair construtoras
Melhorias econômicas observadas no Brasil desde o início da década de 2000 atuaram como ferramentas de impulsão do desenvolvimento do mercado imobiliário nos últimos anos e da valorização dos preços.
No campo das melhorias macroeconômicas, podemos citar o crescimento do país, a expansão do crédito habitacional e a redução do juro.
Segundo dados do IBGE, a economia brasileira cresceu 40% nos últimos dez anos (entre 2002 e 2012) e a taxa de desemprego caiu à marca histórica de 4,6% em dezembro do ano passado. A taxa básica de juros brasileira caiu de 12,25% ao ano, em junho de 2011, para o patamar historicamente baixo de 7,25% ao ano em outubro de 2012.
Esses fatores, conjugados com um deficit habitacional historicamente elevado e uma maior oferta de crédito dos bancos, fizeram o crédito habitacional em relação ao Produto Interno Bruto triplicar no período, atingindo 6% do PIB em 2012.
A alta demanda de compradores aliada às condições econômicas favoráveis promoveram a valorização.
Apesar de a demanda de indivíduos desejando ter a casa própria permanecer elevada, as condições econômicas observadas no passado não devem se repetir no futuro próximo. Ou seja, a taxa básica de juros agora está em trajetória ascendente, o crescimento do país vem desapontando e a taxa de desemprego começa a subir.
Esses fatores levam o investidor a se perguntar "os preços dos imóveis vão continuar subindo?" Considerando um horizonte longo de investimento, por exemplo, 20 anos, é muito provável que a resposta seja sim.
Portanto, se deseja comprar um imóvel para moradia, o adiamento da compra não deve ser muito produtivo se você já encontrou o imóvel que atende a seus anseios.
Entretanto, como qualquer investimento, é no mínimo ingênuo imaginar que comprar um imóvel não envolve riscos de perda do capital aplicado.
Se não implicar em uma perda absoluta, pelo menos envolverá uma perda relativa a alternativas de aplicação de risco similar. Assim, se a intenção é comprar um imóvel como investimento, é preciso estar atento às alternativas de aplicações financeiras e comparar os rendimentos.
No caso de comprar para investir, o aplicador deve considerar alternativas que proporcionem maior liquidez [possibilidade de resgate rápido] e benefícios fiscais.
O fundo imobiliário atendem a esses quesitos, pois o investidor consegue negociá-lo facilmente na Bolsa. Além disso, os rendimentos dos fundos imobiliários são isentos de tributação.
O surpreendente retorno obtido pelos imóveis nos remete à frase que praticamente todos já ouvimos de nosso pai, avô, ou de algum amigo: "compre um imóvel e você não vai perder dinheiro".
Conselhos como esses remontam à antiguidade. O Talmud, livro sagrado do judaísmo, já aconselhava o investimento de um terço do patrimônio do investidor em imóveis. Segundo as escritas, os outros dois terços deveriam ser divididos igualmente em ativos de liquidez imediata e ativos de risco (ações).
Isso não quer dizer que deva dividir seu patrimônio dessa forma, mas que deva sempre diversificar seu portfólio.
Michael Viriato é professor de finanças do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa)
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