Análise: Projetos devem ter como foco cidade que se deseja no futuro
O estilo arquitetônico preferido dos clientes de apartamentos, presume-se, pelos anúncios, é o contemporâneo. Mas "arquitetura contemporânea" é um termo vago --e não exatamente um estilo.
A rigor, significa apenas que é produzida hoje em dia, e, portanto, pode variar do neobarroco ao minimalismo. E se repararmos nas fachadas dos lançamentos, sobretudo em São Paulo, varia mesmo.
De um lado, existe uma série de edifícios mais convencionais, com o desenho muito parecido com os prédios beges dos anos 2000, mas com detalhes coloridos.
Do outro, estão aqueles em que a fachada é como uma exigência do projeto --exemplo do edifício 360 (na zona oeste de São Paulo), do arquiteto Isay Weinfeld, com varandas de pé-direito alto.
A arquitetura moderna tem a marca de uma fachada mais organizada e aberta, com janelas amplas. Essa tradição foi muito influente no Brasil.
No Edifício Copan, projetado por Oscar Niemeyer, a janela da sala tem vidro do piso ao teto. Combinado com brises, a luminosidade pode ser mais bem controlada, sem bloquear a ventilação natural. Num país tropical, essa é uma solução útil e que dá movimento e graça à fachada.
Outro aspecto fundamental de um projeto é a sua relação com a rua. Isso porque essa parte mais baixa do prédio, do térreo até o terceiro andar, é a que mais visualizamos, e porque o térreo bem desenhado, fazendo esse espaço mais agradável, valoriza o prédio e seu entorno.
O projeto do UNA Arquitetos para o Huma Klabin, por exemplo, não tem muros: a própria fachada do prédio o separa da rua. O edifício Loureira, de João Batista Vilanova Artigas (1946) na praça Vilaboim, é uma referência.
Mais recente, o projeto do Königsberger Vannucchi Arquitetos Associados, Brascan Century Plaza (conhecido como Kinoplex), no Itaim Bibi (zona oeste São Paulo), também acertou ao abrir uma praça e combinar cinema, lojas, uma torre corporativa, um hotel e salas comerciais.
Grandes terrenos em cidades como São Paulo, hoje, são raros e o trânsito é inviável. Ante esse cenário, as pessoas preferem morar perto do trabalho e aproveitar a infraestrutura da própria região.
Em terrenos menores, a área de lazer tem ido parar no topo do prédio --permitindo que a vista da cobertura seja aproveitada por todos os condôminos. Em Nova York, a prefeitura estimulou os "rooftops" e, em São Paulo, apesar de não haver nenhum incentivo, essas áreas deverão ser mais frequentes.
E cada vez mais serão privilegiados, nas áreas comuns de edifícios, espaços que facilitem a mobilidade dos seus habitantes --como bicicletário, lavanderia coletiva e sala de reunião. Com o novo Plano Diretor de São Paulo, provavelmente será mais comum prédios com pequenas lojas e cafés no térreo.
Para aplicarmos as melhores soluções arquitetônicas aos projetos imobiliários que desenvolvemos, portanto, é importante nos lembrarmos das boas referências que fizemos no passado e não nos esquecermos da cidade em que queremos morar no futuro.
EDUARDO ANDRADE DE CARVALHO é administrador de empresas e é sócio da Moby Incorporadora
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Calculadoras
O Brasil que dá certo
s.o.s. consumidor
folhainvest
Indicadores
Atualizado em 18/04/2024 | Fonte: CMA | ||
Bovespa | +0,02% | 124.196 | (17h38) |
Dolar Com. | +0,15% | R$ 5,2507 | (17h00) |
Euro | +0,23% | R$ 5,5983 | (17h31) |