Com dívida de R$ 11 bi, OGX, de Eike, entrará com pedido de recuperação
A recuperação judicial da OGX, de Eike Batista, é iminente. Os advogados da empresa estavam recolhendo a documentação para entrar hoje com o pedido na Justiça do Rio, como antecipou a Folha em sua edição on-line.
Credor de Eike pode ter de receber menos
Se o pedido não ocorrer hoje, será por "empecilhos burocráticos". O prazo para a petroleira tomar essa medida vai até amanhã.
Editoria de Arte/Folhapress |
Será o maior processo de recuperação judicial já realizado no Brasil. As dívidas da OGX somam ao menos R$ 11 bilhões. O valor é superior ao de outras empresas que tiveram o mesmo destino, como Varig (R$ 7 bilhões) e Grupo Rede (R$ 6 bilhões).
Caso o pedido de recuperação judicial seja aceito, a empresa terá 60 dias para apresentar um plano de reestruturação de sua dívida. Os credores, por sua vez, terão 30 dias para se manifestar. Depois é marcada uma assembleia de credores para votarem se aceitam ou não o plano. O processo inteiro pode levar cerca de seis meses.
A OGX enfrenta uma crise de confiança desde junho de 2012, quando começou a não cumprir as metas de produção. A sucessão de notícias negativas fez as ações virarem pó. Ontem, fecharam a R$ 0,23. No pico, em 2010, elas valiam R$ 23.
A recuperação judicial se tornou o único caminho, após fracassarem as negociações com os credores externos para transformar dívida em ações. Eles detém 70% da dívida da empresa.
A partir de sexta-feira, a OGX corre o risco de os credores entrarem com medidas judiciais ou até pedir sua falência, porque estaria inadimplente. Ela deu calote nos juros de seus bônus no exterior no início de outubro e tinha 30 dias para fechar acordo.
Mesmo após demitir funcionários e interromper o pagamento de fornecedores, a companhia está quase sem caixa. Seus ativos hoje valem cerca de R$ 6 bilhões, pouco mais de metade da dívida.
A recuperação judicial da OGX não deve ter efeito sistêmico no grupo X. Nos últimos meses, MPX (termelétrica, que agora se chama Eneva), MMX (mineração) e LLX (logística) conseguiram aportes de grupos estrangeiros.
A OSX (estaleiro) é a mais afetada, porque a OGX era sua principal cliente. Mas é pequena a chance de que também entre em recuperação judicial, já que tem ativos valiosos (plataformas).
O estaleiro deve R$ 1 bilhão a Caixa e BNDES, o que criaria constrangimento para o governo. Está sendo negociada a extensão do empréstimo e a entrada de um investidor.
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