Porteiro em prédio será tão difícil como é contratar babá, diz executivo
Em um futuro nem tão distante, os novos prédios do país não terão porteiros. Quem vai abrir o portão será um funcionário terceirizado em outro Estado ou até país, por meio de teleconferência.
Câmera por todos os lados e detector de metais no elevador vão garantir a segurança.
Esse é o cenário para 2020-21 traçado pela Tecnisa, empresa conhecida pelo pioneirismo na adoção de novas tecnologias e por sua atuação nos meios digitais –atualmente, 45% das vendas tem origem na internet.
"Do mesmo jeito que hoje está difícil contratar babás, no médio prazo não teremos mais porteiros", disse o diretor de marketing da construtora, Romeo Busarello, nesta quinta (12), no Arena do Marketing, evento promovido pela Folha em parceria com a faculdade ESPM, com transmissão ao vivo pela "TV Folha".
A portaria automatizada é uma das iniciativas da chamada internet das coisas da empresa. "Só não vai acontecer se o governo baixar uma lei, como fez com frentistas, impedindo a existência de prédios sem porteiros."
A Tecnisa foi pioneira, há mais de uma década, na venda de apartamento pela internet e nos corretores on-line 24 horas. A empresa aceita a moeda virtual bitcoins (mas ainda não teve demanda para isso) e já vendeu quase 300 unidades pelo Twitter.
A empresa também se notabilizou por ter ações específicas para a comunida- de gay. E hoje está preocupada com a mudança demográfica e o envelhecimento da população.
Segundo Busarello, que dividiu a mesa da "TV Folha" com o professor do núcleo de Marketing Digital da ESPM, Pedro Waengertner, a empresa deve lançar no ano que vem um empreendimento 100% focado nas necessidades da terceira idade.
"A partir de 2016, o Brasil terá mais gente com mais de 60 anos do que com menos de 18", diz.
MARCA
Há 14 anos responsável pela marca Tecnisa, Busarello diz que a internet até pode ajudar na construção de marcas, mas não existe atalho.
"Entre a raiz e o fruto há o tempo. E não adianta investir em rede social e não ter o que entregar. É o que chamamos de fachada de catedral e gerente de prostíbulo."
Para Waengertner, da ESPM, trata-se de um trabalho de formiguinha que pode levar anos. "Até acontece de ter uma marca que produz um viral e fica famosa, mas isso não dura."
Para ilustrar o ofício, Busarello compara o marketing com as finanças. "O financeiro é aquele cara que sabe o custo de tudo e o valor de nada. Chega à empresa, pega o machado e sai cortando. O resultado se vê em três semanas. No marketing podemos levar três anos para ver o resultado, pois é preciso ter consistência.
RENOVAÇÃO
Para o executivo, a velocidade das transformações no mundo digital exige dos profissionais de marketing uma constante renovação.
"O conhecimento não é cumulativo. Tenho 32 anos de carreira e o que vale são os últimos 3, 4. Não importa se fiz pós ou se morei na China", diz. "É preciso conhecer de tecnologia, ser curioso, ler muito e ter uma rede de contatos. Meu maior patrimônio é o meu LinkedIn."
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