Vendas porta a porta se tornam alternativa de renda na crise
Robson Ventura/Folhapress | ||
Desempregada, a promotora de vendas Thaís de Souza Assis, 22, decidiu ser revendedora |
Diante das dificuldades de conseguir se recolocar no mercado, muitos trabalhadores encontram na venda porta a porta uma alternativa para incrementar a renda ou até ter um novo emprego.
Segundo a Abevd (Associação Brasileira de Empresas de Vendas Diretas), em 2014, esse setor contava com 4,5 milhões de revendedores, saltando para 4,6 milhões em 2015. Na Natura, uma das mais tradicionais empresas do setor, o número de consultoras cresceu 4,4% no ano passado, passando de 1,31 milhão, em 2014, para 1,37 milhão, em 2015.
Para Roberta Kuruzu, diretora executiva da Abevd, a venda direta é muito democrática e, por isso, atrai tantas pessoas. "Não há impedimento de idade, não exige formação ou experiência anterior. Além disso, o investimento tem risco quase zero."
De acordo com um levantamento feito pela reportagem com cinco empresas do setor, o investimento inicial varia de R$ 60 a R$ 169.
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Fátima Maria Perine, hoje revendedora de cosméticos, ficou quase um ano desempregada |
VANTAGENS
Outra vantagem, segundo Luiza Souza, diretora de marketing da Tupperware, é que a atividade não exige exclusividade. "Por esse motivo, ela pode fazer parte da vida das pessoas como uma geração de renda extra. O mais interessante é que o consultor pode se dedicar considerando quanto quer ganhar por mês, já que quanto mais horas trabalhar, maiores são as chances de um retorno financeiro."
Desempregada desde maio deste ano, a promotora de vendas Thaís de Souza Assis, 22 anos, decidiu ser revendedora DeMillus para aumentar a renda da família.
Para atingir novos clientes, Thaís utiliza a tecnologia. "Eu mando a revista on-line para meus contatos do WhatsApp, que sei que gostam dos produtos, o que facilita muito." Além disso, ela aproveita a clientela do salão de beleza da mãe para oferecer peças.
"Por enquanto, não dá para se manter totalmente, mas é um dinheiro que ajuda a pagar as contas nesse período em que estou sem renda fixa", conta.
Segundo ela, entre as vantagens da venda direta estão o investimento inicial, que é baixo, e a flexibilidade de horário.
DEDICAÇÃO
Segundo os especialistas, mais do que mostrar os catálogos aos conhecidos, é necessário se qualificar e se dedicar muito. "É preciso definir onde quer chegar. Em geral, as empresas realizam eventos para apresentar novos produtos e quem frequenta oferece um serviço melhor", diz Roberta Kuruzu.
Há apenas dois meses na Natura, Fatima Maria Perine, 50 anos, já entendeu o negócio. "Eu fiz alguns cursos que a empresa oferece e acho que é um diferencial, pois posso explicar para a cliente como o produto age e sugerir o tratamento ideal para ela", conta.
Para a revendedora, a venda direta foi a saída de uma crise. Depois de 20 anos no setor de turismo, Fátima viu a agência em que trabalhava encerrar as atividades e o mercado de trabalho fechar as portas para ela. "Como fiz 50 anos nesse ano, ficou ainda mais difícil conseguir me recolocar. Fiquei muito decepcionada, minha autoestima caiu e entrei em desespero com as contas acumulando." Segundo ela, nas reuniões da empresa, são comuns casos como esse e de mulheres aposentadas.
Obstinada, Fatima não vê a venda direta como uma atividade temporária. "Minha expectativa é conseguir ganhar o mesmo que eu tirava no meu emprego e, mais adiante, ter minha própria loja, já que a empresa possibilita isso", revela.
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Como começar
>> Para se tornar revendedora, é preciso ter, no mínimo, 18 anos de idade
>> O cadastro deve ser feito com a apresentação de RG, CPF e comprovante de residência
Fique atento
>> Antes de comprar qualquer kit ou se cadastrar em uma empresa, pesquise bem sobre a companhia
>> Cuidado com esquemas que estimulam a convocação de novos participantes para ganhar mais dinheiro
>> Se os valores exigidos na compra inicial forem muito altos, desconfie
Empresas:
Tupperware
O cadastro pode ser feito pelo site www.tupperware. com.br, em "Quero revender". A empresa sugere que o vendedor compre um kit inicial que custa R$ 144 e pode ser parcelado.
Mary Kay
É preciso entrar em contato com uma consultora ou acessar o site http://serconsultoramk.com.br para encontrar uma. A nova revendedora deve adquirir um kit de beleza com produtos e materiais de apoio que custa R$ 169.
DeMillus
O interessado deve se cadastrar em www.demillus. com.br, no link "Quero revender DeMillus". O valor mínimo de todas as compras é R$ 160, inclusive na primeira.
Natura
O vendedor deve acessar o site https:// quero serconsultora.natura.com.br e informar um e-mail e o CPF. A empresa oferece dois kits para começar. O básico é de R$ 60 e o com amostra de perfumes custa R$ 110.
Avon
O cadastro deve ser feito pelo site www.avon.com.br ou pelo telefone 0800-708-2866. O "kit de boas vindas" custa R$ 99, o modelo básico, ou R$ 180, o VIP. O valor pode ser parcelado
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