Desconto na conta de luz estimula popularização de usinas domésticas
Henry Milleo/Gazeta do Povo/Folhapress | ||
Reinaldo Cardoso de Lima, fundador da start-up Renova Green, de Curitiba |
Cresce no país o número de casas, comércios e indústrias que têm suas próprias usinas de produção de energia a partir de fontes renováveis.
De acordo com a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), desde que a geração distribuída (feita por consumidores independentes) foi regulamentada, em 2012, saltou de 4 para 9.819 o total de usinas próprias.
A maior parte delas (99%) é construída com painéis fotovoltaicos. O 1% restante é repartido entre as demais fontes renováveis, como a eólica. "É uma geração que reduz as perdas na distribuição e alivia a rede", diz Marco Aurélio Castro, especialista em regulação da Aneel.
Editoria de Arte/Folhapress |
As casas tem o maior número (79%) de usinas. O comércio aparece com 15%. Fazendas e órgãos públicos reúnem 4%, e a indústria, 2%. Essa produção sustentável já é capaz de abastecer o consumo residencial de uma cidade como Santos (SP), de 434 mil habitantes. Mas ainda há muito a avançar. Toda a produção a partir de painéis fotovoltaicos representa hoje 0,02% da matriz elétrica nacional, diz a EPE (Empresa de Pesquisa Energética). O preço dos equipamentos é um dos entraves do setor.
A Folha pesquisou, em quatro empresas paulistas, o valor de uma usina fotovoltaica com sete painéis, o suficiente para suprir o consumo de uma família com uma conta de luz de R$ 300 por mês. O custo não sai por menos de R$ 25 mil.
"É um investimento que vai levar sete anos, em média, para retornar. Mas depois disso, o cliente só vai pagar a tarifa mínima da concessionária", diz Rafael Pires, gerente da Ion Energia, de Votorantim (105 km de São Paulo).
Para o mercado, o consumidor que procura o serviço tem consciência ambiental. "Mas também é um público que não quer ficar refém dos aumentos feitos pelas distribuidoras", diz Rodrigo Sauaia, presidente da Absolar (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica).
O valor médio da conta de energia no país, incluindo todas as classes de consumo e os impostos, cresceu 6,4% em 2016 em relação ao ano anterior, segundo a Aneel.
Quem quer aderir ao sistema precisa solicitar uma autorização da concessionária, que pode levar até 60 dias. O projeto precisa ser assinado por um engenheiro eletricista, e a instalação deve ser feita por uma empresa do ramo.
Além de sair da dependência tarifária, esse tipo de geração possibilita produzir energia num lugar e consumi-la em outro. Ou ainda usar o excedente em créditos para pagar uma conta futura.
ALUGUEL
Se comprar uma usina ainda pesa no bolso, já é possível contratar uma assinatura mensal de energia limpa.
A start-up Renova Green, de Curitiba, fornece o serviço, no momento, apenas para quem vive na cidade. Com R$ 19,90 por mês, o cliente aluga dois painéis fotovoltaicos que serão instalados em sua casa. "A economia pode chegar a R$ 40 na conta", diz o sócio Reinaldo Cardoso. A empresa cobra a instalação dos equipamentos (R$ 299).
O bancário Nelson Lubas, 46, optou pelo plano mínimo. Ele diz que tem economizado entre 15% e 20% na fatura. "Quero mais três placas para economizar 60%."
O governo prevê que 2,7 milhões de consumidores devam gerar energia até 2030, equivalente a uma geração de meia usina de Itaipu. "O preço dos equipamentos está menor agora, as empresas têm isenção fiscal, e o consumidor está mais consciente", afirma Sauaia.
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Atualizado em 23/04/2024 | Fonte: CMA | ||
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