Sem exportações, PIB do primeiro trimestre teria ficado próximo de zero
Com o mercado interno sofrendo os efeitos do desemprego e do corte nos investimentos, a economia brasileira contou com a ajuda das exportações, principalmente de commodities, para reverter neste primeiro trimestre dois anos de retração.
Segundo economistas, sem a forte contribuição dada pelo setor externo, pelo lado da demanda, e pelo setor agropecuário, pelo lado da oferta, não haveria crescimento no primeiro trimestre.
Projeção do banco Haitong indica que as exportações líquidas contribuíram com 1,5% da alta total de 1% registrada por toda a economia nos primeiros três meses do ano.
Isto significa dizer que a contribuição do mercado interno —os dados de consumo, investimento e gastos do governo— teria sido negativa em 0,5% para o desempenho total.
Nas contas da gestora Icatu Vanguarda, excluindo-se o segmento agropecuário, o crescimento teria sido de apenas 0,2% de janeiro a março.
As exportações subiram 4,8% no primeiro trimestre em relação ao trimestre anterior, enquanto houve queda no consumo das famílias (-0,1%), do governo (-0,6%) e no investimento (-1,6%).
Do ponto de vista da oferta, o principal impulsionador do crescimento nos primeiros três meses do ano foram commodities agrícolas. Com a supersafra, o setor agropecuário teve crescimento de 13,4% no período, o maior desde o quarto trimestre de 1996.
A gerente de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, explicou que grande parte do desempenho é resultado da colheita de soja, cuja produção deve crescer (17,5% no ano), milho (46,8%), arroz (13,5%) e fumo (28,4%).
O primeiro é o principal produto agrícola exportado pelo país e o segundo, além das vendas diretas, é importante na cadeia da proteína animal, responsável por parcela relevante das exportações nacionais.
Palis explicou que o elevado percentual de aumento pode ser também explicado pela baixa base de comparação, já que em 2016 a produção foi prejudicada por questões climáticas.
Além das commodities agrícolas, petróleo e minério de ferro tiveram peso importante no crescimento, levando a indústria extrativa a registrar alta de 9,7% no trimestre, a segunda maior contribuição positiva.
"O preço desses produtos no mercado internacional melhorou, o que levou as empresas a exportar mais", comentou a gerente do IBGE.
De fato, a Petrobras trouxe em seu balanço do primeiro trimestre um aumento de 72% no saldo líquido de exportação de petróleo e derivados, que chegou a 489 mil barris por dia no período.
O desempenho foi obtido com o aumento da produção do pré-sal, mas também reflete a fraqueza do mercado interno, já que as vendas de combustíveis pela empresa caíram 5% no período.
Mesmo o desempenho da indústria de transformação, que caiu 0,9% sobre o trimestre anterior, só não foi pior pelo aumento da produção de veículos para exportação.
Palis diz que o PIB segundo trimestre ainda sentirá os efeitos positivos da supersafra agrícola.
Flavio Serrano, economista-sênior do Haitong, acha pouco provável que o desempenho robusto das exportações líquidas se mantenha no mesmo patamar ao longo do ano, de forma a compensar a contribuição ainda negativa do ambiente doméstico.
Para Serrano, a análise dos números reforça a percepção de que a recuperação da economia aparenta ter uma natureza bastante gradual e frágil.
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Calculadoras
O Brasil que dá certo
s.o.s. consumidor
folhainvest
Indicadores
Atualizado em 29/03/2024 | Fonte: CMA | ||
Bovespa | +0,32% | 128.106 | (18h30) |
Dolar Com. | +0,68% | R$ 5,0140 | (17h00) |
Euro | 0,00% | R$ 5,3979 | (12h01) |