Tecnologia ameaça virar nova vilã para trabalhador de TI na Índia
Money Sharma/AFP | ||
Trabalhadores em escritório na Índia; tecnologia ameaça corte profundo no emprego |
Como de costume, Sudhakar Choudhari apanhou recentemente o ônibus da Tech Mahindra em Pune (Índia) para ir para a empresa, uma das líderes globais de terceirização de TI (tecnologia da informação). A diferença dessa vez foi que um gerente o chamou e solicitou que ele pedisse demissão.
"Foi uma cena terrível", disse Choudhari, 41, que trabalhava na empresa havia 11 anos e cuja última função era a manutenção do software de um cliente britânico.
Enquanto o gerente falava, ele pensou em seu filho de 11 anos, e em que sua mulher estava desempregada, e na prestação do imóvel financiado em 2006 e ainda com dez anos de prestações a pagar.
Choudhari é um dos trabalhadores do setor de tecnologia indiano que perderam o emprego nos últimos meses, enquanto cresce o debate no país sobre a possibilidade de que um setor que por muito tempo serviu de porta de entrada na classe média esteja se preparando para realizar demissões em massa.
O setor de informática indiana cresceu em ritmo alucinante nas duas últimas décadas, graças à tendência da terceirização.
O setor e atividades relacionadas geram ao ano mais de US$ 150 bilhões em receita e empregam cerca de 4 milhões de pessoas para criar e testar software e prover assistência aos clientes, empresas americanas e europeias que procuram mão de obra relativamente barata.
Mas o setor mundial de tecnologia confia cada vez mais na automação, robótica, "big data", serviços de análise de dados, aprendizado por máquina e consultoria –tecnologias que ameaçam deixar de lado ou mesmo substituir os trabalhadores indianos.
Por exemplo, processos automatizados podem em breve substituir o tipo de trabalho que Choudhari vinha fazendo para clientes estrangeiros, que envolvia manutenção de software, realizada por meio de análise de dados e correções de códigos.
"O que estamos vendo é uma aceleração na eliminação de empregos na Índia e na criação de empregos nos países de origem das empresas", disse Sandra Notardonato, analista e vice-presidente de pesquisa da Gartner, uma empresa de consultoria.
Até agora, a escala do problema não está clara.
T. V. Mohandas Pai, um conhecido observador do setor de tecnologia, estima que os cortes possam abranger até 2% da força de trabalho até setembro e que recairão principalmente sobre os trabalhadores de pior desempenho.
Estudo de 2015 apontou que as capacitações de entre 50% e 70% dos trabalhadores do setor no país serão irrelevantes em 2020.
É claro que novas tecnologias criam novos empregos.
O efeito da automação e da inteligência artificial ainda não está claro. Elas podem abrir novas áreas que representariam uma simples mudança de padrão no trabalho em tecnologia, e não uma eliminação de postos.
Mas alguns observadores do setor de tecnologia indiano se preocupam com a possibilidade de que muitos desses novos empregos surjam fora da Índia, em lugares como os Estados Unidos.
TRADUÇÃO PAULO MIGLIACCI
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