Cooperativas garantem estabilidade até na crise

AMANDA AUDI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Com faturamento maior que o orçamento anual dos municípios e até do Estado em que estão sediadas, as cooperativas agropecuárias do Paraná construíram um império praticamente imune à crise econômica do país.

Apenas em 2016, as empresas cresceram 21% na comparação com 2015. Na última década, o crescimento médio foi de 14% ao ano.

A Coamo, maior cooperativa da América Latina, faturou no ano passado o equivalente a 35 vezes o orçamento de Campo Mourão, cidade da região central do Paraná na qual se estabeleceu. Já a C.Vale, de Palotina, na região Oeste, teve resultado 62 vezes superior à receita do município.

Somadas, as 69 maiores cooperativas paranaenses alcançaram o resultado recorde de R$ 57 bilhões em 2016, 5% maior que o orçamento do Paraná no mesmo ano, segundo a Ocepar (Organização das Cooperativas do Paraná).

Em 2016, essas empresas exportaram US$ 2,3 bilhões, quase a metade do total das exportações das cooperativas em nível nacional (US$ 5,13 bilhões), segundo a OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras). Mas a tendência de crescimento é geral: no ano passado, as 70 maiores cooperativas do país faturaram 15% a mais que 2015.

O modelo do cooperativismo consiste em comprar a produção dos cooperados e a negociar diretamente no mercado, o que costuma garantir estabilidade nos ganhos dos produtores. No fim do ano, se há sobra, o montante é dividido entre eles.

Com vocação para o cooperativismo por causa da colonização de origem europeia –em que o formato já era comum na zona rural– e pelo predomínio de pequenas propriedades, o Paraná tem mais de metade da produção agrícola ligada ao modelo.

A estratégia para manter o crescimento, segundo a Ocepar, foi investir na diversificação da produção em pequenas e médias propriedades. "No Paraná há um limite da área produtiva. Se não dá para plantar mais soja, o produtor pode construir um aviário que ocupa 200 metros quadrados", diz o gerente técnico da Ocepar, Flávio Turra.

A C.Vale investiu R$ 110 milhões na construção de um abatedouro de peixes que será aberto em outubro, com um abate inicial de 75 mil tilápias por dia. "A diversificação é a fórmula para oferecer alternativas de renda aos associados", diz Alfredo Lang, presidente da C.Vale.

As cooperativas também investiram em novos processos de armazenamento e industrialização, como a Coamo, que colocou mais de
R$ 1 bilhão em novos entrepostos de grãos, um novo terminal marítimo e indústrias transformadoras de grãos.

Alocadas em cidades pequenas, as cooperativas levam emprego, tecnologia e desenvolvimento para regiões empobrecidas do Estado. Quando a Coamo foi criada, nos anos 1970, Campo Mourão tinha cerca de 20 mil habitantes; hoje, são quase 100 mil.

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