ONG ajuda refugiados a empreender com workshops e gastronomia
DE SÃO PAULO
Conhecimento de uma cultura diferente e vivências intensas em meio a situações adversas podem ser atributos úteis a refugiados que buscam se estabelecer no Brasil a partir do empreendedorismo.
A ONG Migraflix ajuda refugiados e imigrantes a organizarem workshops e a venderem comidas típicas de seu país para eventos.
São cursos de culinária, dança e artesanato ministrados por nativos de países como Síria, Angola, Colômbia e Congo, por exemplo.
As entradas para participar das atividades para o público geral são vendidas a partir do site da instituição.
A organização também faz workshops para as empresas, nos quais as atividades são somadas a interações com o estrangeiro visando desenvolver habilidades para o mundo corporativo.
Entre os temas que podem ser trabalhados com grandes empresas estão resiliência, superação, otimismo, adaptabilidade e empreendedorismo, diz Jonathan Berezovsky, fundador da Migraflix.
A instituição também faz a intermediação da compra de comidas típicas dos países dos imigrantes para a realização de eventos.
Ele diz que refugiados já realizaram atividades para empresas como Google, Airbnb, Banco do Brasil e McKinsey.
Também capacitou para o empreendedorismo no setor gastronômico 20 imigrantes, a maior parte refugiados. Seus pratos podem ser encontrados no aplicativo Uber Eats, agrupados em seção dedicada a comidas do mundo que pode ser acessada a partir da página inicial do app.
"Muitos refugiados chegam aqui no Brasil com título universitário, profissão no país de origem, mas não acham emprego em sua área. São levados a empreender para sobreviver. O que fazemos é dar a eles canais de venda", diz Berezovsky.
FRANQUIA
A refugiada síria Noura Alkalas, 32, e seu marido, Yones Al Nabulsi, 32, abriram um quiosque em loja do supermercado Extra, em São Paulo em novembro.
Alkalas conta ter decidido abrir a franquia de castanhas e nozes caramelizadas Nutty Bavarian para ter uma maior previsibilidade de seu trabalho e rendimentos.
Antes de montar o negócio, ela e o marido, que estão no Brasil há quatro anos, se sustentavam vendendo comida árabe e participando de feiras organizadas por ONGs.
Adriana Auriemo, sócia da Nutty Bavarian, diz ter decidido trazer refugiados para a rede para dar uma ocupação a pessoas que precisa e tem preparo.
A opção também permite ter um modelo de negócios enxuto e rentável, levando em conta que os próprios franqueados cuidam de toda a operação.
A empresa não cobrou do casal o investimento inicial para abertura da franquia, que ficaria em torno de R$ 95 mil.
A expectativa é que, com esse apoio inicial, o negócios seja rentável e dê retorno tanto para a empresa como também para o casal.
Auriemo diz querer realizar outras quatro parcerias do tipo. O projeto é feito em parceria com a ONG Adus.
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