Consórcio que Prefeitura de SP tenta barrar oferece menor preço em PPP da iluminação

Crédito: Avener Prado - 1º.dez.2015/Folhapress Av. 23 de Maio, em São Paulo, iluminada pelas antigas lâmpadas de vapor de sódio
Av. 23 de Maio, em São Paulo, iluminada pelas antigas lâmpadas de vapor de sódio
Crédito: Avener Prado - 2.abr.2014/Folhapress Em 2014, prefeitura trocou antiga iluminação da avenida por lâmpadas de LED
Em 2014, prefeitura trocou antiga iluminação da avenida por lâmpadas de LED

TAÍS HIRATA
DE SÃO PAULO

Após mais de dois anos travada por imbróglios judiciais, a PPP (Parceria Público-Privada) de iluminação pública da cidade de São Paulo deu um importante passo nesta segunda (29), com o anúncio da proposta de menor preço, do consórcio Walks.

A proposta da Walks foi de R$ 23,25 milhões por mês, contra R$ 30,158 milhões ofertados pelo concorrente FM Rodrigues. A diferença é de R$ 1,68 bilhão no prazo de 20 anos do contrato.

O valor se refere aos investimentos a serem feitos e na operação da rede de iluminação pública da capital.

No entanto, a vitória não é definitiva: há um prazo de cinco dias para recurso por parte da concorrente, FM Rodrigues, e, depois disso, ainda haverá uma etapa de habilitação do consórcio, em que podem haver questionamentos ao grupo -que tem como integrantes empresas envolvidas na Lava Jato.

Formam o consórcio, em igual participação, a WPR Participações, subsidiária do grupo WTorre, a Quaatro e a KS Brasil Led Holdings.

Há também ações judiciais questionando a participação do grupo Walks, ainda sem decisões definitivas, que podem interferir no andamento do processo.

Segundo o advogado do consórcio Bruno Aurélio, o grupo não teme a fase de habilitação, pois os documentos já foram "analisados mais de dez vezes, com garantias sólidas", disse ele.

Até o anúncio, a reunião era tensa: passados cinco minutos das 11h, horário programado para a abertura das propostas, representantes da Walks se queixavam da demora e acusavam o comitê da prefeitura de estarem esperando para que uma liminar barrasse o processo.

Em seguida, quando o início do processo de abertura foi anunciado, advogados da FM Rodrigues se levantaram pedindo o adiamento até que a Justiça se manifestasse sobre um agravo de instrumento impetrado pela companhia neste domingo (28), questionando a participação da Walks. O pedido de adiamento, porém, foi negado.

IMBRÓGLIO

O principal questionamento ao grupo Walks é a participação da Quaatro, grupo que detém 99,9% das ações da Alumini –empresa declarada inidônea para firmar contratos com a gestão pública.

A Alumini inclusive chegou a dividir a prestação de serviços de luz com a FM Rodrigues até março de 2017, quando foi barrada pela CGU (Controladoria-Geral da União).

A Secretaria dos Serviços e Obras chegou a dizer que a participação da Quaatro era uma espécie de "maquiagem" para a atuação Alumini.

Para o advogado da Walks, existe uma formatação jurídica que distingue controladas e controladoras, e que essa diferenciação seria uma "prática de mercado".

Em nota, a FM Rodrigues afirmou que "considera absurda a participação do consórcio Walks", por conta da participação da Quaatro e questionou a viabilidade da proposta feita pelo grupo.

"O preço proposto pelo consórcio torna impossível executar o programa de modernização do parque de iluminação da cidade proposto pela Prefeitura. Cabe lembrar, ainda, que a Alumini encontra-se em processo de recuperação judicial, sem condições de participar de um programa público desta dimensão", completa.

O consórcio liderado pela FM Rodrigues, atual prestadora de serviços da cidade, questiona as garantias apresentadas pela concorrente desde 2016, travando o processo no TCM (Tribunal de Contas do Município).

No fim do ano passado, com a perspectiva de retomada da licitação, a empresa novamente tentou, via ação judicial, barrar o processo, sem sucesso.

Enquanto isso, a prestação de serviços é feita pela FM Rodrigues, por meio de um contrato emergencial firmado em outubro de 2017 e que também gerou questionamentos dentro do setor, já que a escolha de caráter urgente dispensa processo licitatório.

A abertura dos envelopes vinha sendo aguardada desde dezembro de 2017 —o que não ocorreu devido à dúvida da prefeitura sobre as garantias do consórcio Walks.

Na última sexta (26), porém, a Justiça paulista determinou que a abertura dos envelopes fosse feita nesta segunda, após um mandado de segurança impetrado pelo grupo.

A Prefeitura de São Paulo tentou, neste domingo (28), barrar a participação do consórcio Walks, mas o pedido foi negado.

Após a decisão, o secretário de Justiça do município de São Paulo, Anderson Pomini, afirmou que para a Prefeitura, "pouco importa a empresa selecionada", mas sim a solução do imbróglio para que o contrato seja assinado e o serviço, prestado. Ele destacou, no entanto, que a abertura dos envelopes era o cumprimento de uma decisão judicial.

Erramos: o texto foi alterado
Diferentemente do informado em versão anterior deste texto, a Alumini não foi condenada na Lava Jato.

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