Acesso à educação melhorou, mas escolas no Brasil são terríveis, diz professor
O governo brasileiro, nas últimas décadas, tem falhado na oferta de serviços públicos de qualidade e tem frustrado as demandas da classe média que cresce, avalia Robert Kaufman, professor de ciência política da Universidade de Rutgers. Kaufman é o oitavo convidado do projeto da Fecomercio-SP que investiga o pensamento brasileiro em uma série de entrevistas.
"É que eles estão tentando muito dar à população serviços públicos de qualidade, de primeiro mundo. Mas as escolas públicas estão terríveis. A classe média meio que optou por ficar fora do sistema público, com toda a certeza", afirma ele, ao destacar que o problema existe desde o governo FHC.
Um brasileiro com uma renda razoável vai colocar o filho em uma escola particular, para que ele tenha mais chances, consiga entrar em uma boa universidade. "E não estou me referindo à classe média alta. Então, de fato, eles optaram por ficar de fora do sistema público de educação que, basicamente, se restringiu à população mais pobre.
"Isso acontece também com o sistema público de saúde. Se você conseguir um plano de saúde bom para conseguir frequentar um hospital privado, você vai a um hospital privado. Então, esse tipo de necessidade não está sendo atendida."
Kaufman pondera, porém, que muita gente passou a ter acesso a serviços básicos.
"Agora, na verdade, muito mais crianças pobres têm acesso à educação, mais acesso a cuidados médicos; mas a qualidade não é boa. Então, um grande desafio, não só aqui como em toda a América Latina, é encontrar alguma forma de tornar os serviços públicos aceitáveis para as pessoas que sobem de camada social. O Brasil não está conseguindo fazer isso."
FECOMERCIO
Ao todo, o projeto da Fecomercio publicará 13 entrevistas em vídeo, conduzidas pelo jornalista Adalberto Piotto, que debatem o cenário político-econômico no Brasil e as perspectivas futuras, focando na burocracia e gastos públicos.
As íntegras das entrevistas ficarão disponíveis no canal da Fecomercio. A Folha, semanalmente, divulga trechos das conversas. Confira o cronograma e as entrevistas já publicadas:
- Otaviano Canuto
- Arturo Porzecanski
- Hussein Kalout
- Matthew Taylor
- Thomas Trebat
- Fernando Sotelino
- Filipe Campante
- Robert Kaufman
- Paulo Sotero
- Peter Hakim
- Rita Ramalho
- Caio Blinder: 16/06
- Fábio Giambiagi: 23/06
Livraria da Folha
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