Diante de antigo posto do Muro, Merkel elogia coragem de alemães orientais
A chanceler alemã, Angela Merkel, atravessou ao lado do ex-presidente soviético Mikhail Gorbatchov o local onde ficava um dos postos de controle do Muro de Berlim, em um ato simbólico que faz parte das celebrações dos 20 anos da queda do Muro de Berlim.
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Merkel, que nasceu na então Alemanha oriental, recebeu dezenas de líderes mundiais para comemorar a queda do Muro que dividiu a Alemanha por 28 anos e que foi considerado símbolo da Guerra Fria e do embate entre socialistas e capitalistas.
Wolfgang Kumm /Efe | ||
Chanceler Angela Merkel cruza simbolicamente a fronteira do Muro de Berlim para celebrar 20 anos da queda |
"A noite de 9 de novembro de 1989 foi a realização de um sonho", disse Merkel, em um discurso em berlim. "Muitos tiveram um papel. Mas não seria possível sem a coragem das pessoas da antiga Alemanha Oriental".
O discurso de Merkel foi acompanhado por milhares de turistas que lotam a cidade para acompanhar a série de atos, shows e outros eventos em celebração da "festa da liberdade".
O premiê britânico, Gordon Brown, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, o russo, Dmitri Medvedev, e a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, participam das celebrações. Eles representam os aliados da Segunda Guerra (1939-1945) que dividiram entre si o território alemão após a derrota do nazismo de Adolph Hitler e que acabaram levando as duas Alemanhas divididas.
Brown, em discurso divulgado antecipadamente, elogiou o "espírito inquebrantável" dos homens e mulheres que ousaram "sonhar na escuridão".
Sarkozy colocou em seu Facebook uma foto sua quebrando o Muro com uma marreta. "Foi uma noite de entusiasmo: o povo alemão reunindo-se marcou o fim da Guerra Fria e o começo onde um período de grande liberdade", escreveu.
Figuras da época da Alemanha dividida também participam dos eventos, como Gorbatchov, cujas ideias de reforma no socialismo agravaram a crise do regime comunista alemão e aceleraram a queda do Muro.
Após 20 anos, contudo, a reunificação parece não ser comemorada por todos. Uma pesquisa com mil pessoas realizada pelo jornal "Leipziger Volkszeitung" mostrou que um em cada oito gostaria que o Muro fosse reconstruído. A porcentagem é igual entre alemães do ocidente e alemães do oriente.
Muro
As imagens da noite histórica quando os alemães orientais juntaram-se diante do Muro para atravessar a fronteira dominaram a programação da televisão alemã e capas de revistas e jornais.
A construção da barreira que dividia a capital alemã despontou na paisagem da cidade em apenas uma noite --do dia 12 para o dia 13 de agosto de 1961. O Muro foi resultado de um decreto aprovado pela Câmara do Povo da República Democrática Alemã (RDA) em 12 de agosto.
Inicialmente construída com arame farpado e blocos, a barreira foi substituída por uma série de muros de concreto que chegavam a cinco metros de altura e 120 km de extensão. A segurança era fortalecida por arame farpado, torres de vigilância, um campo minado e muitos guardas. A medida drástica foi uma reação à fuga de alemães do oeste que ameaçava a estabilidade da RDA, com a perda de cerca de 3 milhões de pessoas --a maioria trabalhadores qualificados e intelectuais.
Segundo um estudo publicado este ano, ao menos 136 pessoas morreram na tentativa de cruzar o Muro entre 1961 e 1989. Milhares de pessoas efetivamente conseguiram atravessar a fronteira, utilizando túneis, aviões, compartimentos secretos em carros e outras fugas espetaculares.
Na noite de 9 de novembro de 1989, o mundo assistiu incrédulo o espetáculo de milhares de alemães orientais apertando as mãos dos compatriotas no Ocidente, após a inesperada abertura das passagens com o anúncio equivocado de um porta-voz mal informado.
Com agências internacionais
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