Na Romênia, testes de DNA confirmam que restos enterrados são de ex-ditador
Mais de 20 anos depois da execução de Nicolae Ceausescu, testes de DNA feitos a pedido da família confirmaram que o cadáver exumado ainda no final de julho é de fato do ex-ditador romeno, informou nesta quarta-feira o diretor do Instituto Médico Legal da Romênia, Dan Dermengiu. O filho e o genro, no entanto, continuam questionando os resultados.
"Comparamos o DNA de Nicolae Ceuasescu com mostras pertencentes a seu irmão e a Valentin (filho de Ceausescu)", declarou Dermengiu.
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Família suspeita que corpos não sejam de Ceausescu e sua mulher, executados no dia do Natal em 1989 |
"Se tivéssemos amostras de DNA de Nicolae Ceausescu de quando estava vivo, teríamos certeza absoluta, mas é seguro que as análises de DNA feitas com seu irmão e seu único filho indicam que o corpo exumado no cemitério de Ghencea é efetivamente o de Nicolae Ceausescu", completou.
Em relação a mulher do ex-ditador, Elena, cujo corpo também foi exumado junto ao suposto cadáver do marido, Dermengiu afirma que não há "suficientes elementos de comparação" para um pronunciamento no momento, já que as investigações centraram-se especialmente nos restos mortais de Ceausescu.
O genro de Nicolae Ceausescu, Mircea Oprean, já deu a entender pouco depois da exumação que acredita que os restos não são de seus sogros.
"Vi os corpos. Reconheci o abrigo escuro de meu sogro. Tinha buracos, assim como as calças", afirmou Oprean, marido da falecida filha do ex-ditador, Zoia, confirmando que se tratava de buracos de balas.
EXUMAÇÃO
A exumação dos corpos ocorreu no final de julho após um processo judicial de mais de cinco anos,a pedido da família, que exige a comprovação da identidade do casal.
A coleta dos cadáveres para exame de DNA foi realizada a pedido de Valentin Ceausescu, 62, filho do ex-ditador. Para ele há uma suspeita de que os corpos enterrados não sejam de seus pais.
Nicolae Ceausescu deteve o poder na Romênia durante 25 anos até ser executado na semana do Natal de 1989, durante uma revolução anti-comunista em que mais de mil pessoas morreram.
Durante vários anos grande parte da população suspeitou que os corpos enterrados no cemitério Ghencea, em Bucareste, não fossem realmente do ex-líder e de sua mulher, mortos no dia de Natal -- algo marcante para a memória coletiva da Romênia.
As notícias sobre a exumação pegaram o país de surpresa. Oficiais do governo fecharam as tumbas rapidamente quando os jornalistas -- barrados de presenciar a operação -- chegavam ao cemitério.
Uma equipe de patologistas e funcionários do cemitério retiraram os caixões de Ceausescu e sua mulher das tumbas, coletaram amostras e os colocaram em sacos de plástico e enterraram novamente os restos mortais -- um processo que levou mais de duas horas.
MISTÉRIO
"Estamos mais próximos de conhecer a verdade", disse o filho do casal que governou a Romênia, Valentin Ceausescu.
Autoridades do governo disseram que o processo de identificação dos cadáveres pode levar até seis meses.
Ceausescu foi derrubado do poder no dia 22 de dezembro de 1989, quando os romenos resolveram se levantar contra o regime ditatorial. O líder tentou fugir de Bucareste de helicóptero, mas seu piloto o entregou ao povo.
Após um julgamento sumário, ele e a mulher foram executados no dia 25 de dezembro de 1989, por um esquadrão de fuzilamento.
Décadas depois, em 2005, a família processo ou ministério de Defesa romeno dizendo que havia dúvidas "consideráveis" sobre a verdadeira identidade dos corpos enterrados como sendo do casal.
O governo brutal do ex-ditador foi sustentado pelo serviço de inteligência Securitate, que tinha um Exército de cerca de 700 mil informantes -- cerca de um em cada 20 romenos -- para reprimir dissidentes durante 25 anos de regime.
Perto do fim da era Ceausescu, os romenos sofreram com o racionamento severo em que mesmo as bananas e laranjas tornaram-se artigos de luxo, enquanto o ditador tentava pagar a dívida externa do país.
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