Parlamento da Crimeia convoca referendo para se integrar à Rússia
O Parlamento da Crimeia aprovou por unanimidade se tornar parte da Rússia nesta quinta-feira e a convocação de um referendo para confirmar ou não a decisão, disse a agência de notícias RIA. A Crimeia é península autônoma pertencente à Ucrânia.
O vice-primeiro-ministro da República Autônoma da Crimeia, Rustam Temirgaliev, confirmou a decisão do Parlamento e a convocação do referendo.
O referendo, marcado para o próximo dia 16 de março, irá perguntar aos cidadãos da Crimeia, na maioria russos e pró-russos, se estes querem permanecer com a Ucrânia ou se querem aderir à Rússia.
Em caso de aprovação, todas as empresas estatais e propriedades pertencentes ao governo ucraniano serão nacionalizadas. Quanto às propriedades privadas, estas seguirão as leis russas.
Nesse caso, também será trocada a moeda da Crimeia, que passará a adotar o rublo russo. O Kremlin informou que o presidente russo, Vladimir Putin, já foi comunicado sobre a intenção da Crimeia de se anexar à Rússia.
"O Parlamento da Crimeia aprovou uma moção para que a Crimeia se una a Rússia. E solicitou ao presidente e ao Parlamento russos que examinem este pedido", afirmou o deputado regional Grigori Ioffe.
Se a Rússia aceitar o pedido, o referendo irá perguntar aos habitantes da Crimeia se são favoráveis a reunir a Crimeia à Rússia e serem cidadãos da Federação Russa ou se preferem manter a Crimeia como parte da Ucrânia.
A Crimeia, que abriga a frota russa do Mar Negro, foi parte da Rússia até 1954, quando o então dirigente soviético Nikita Khruschev passou seu controle à Ucrânia.
Após a queda do ex-presidente Viktor Yanukovich, em 22 de fevereiro, a população das regiões leste e sul do país foi às ruas para protestar contra o que consideram um golpe de Estado. A Rússia, aliada de Yanukovich e com interesses na região, apoia esse movimento.
A península da Crimeia, de língua russa e atualmente com um regime de república autônoma, está sob controle de forças pró-Moscou desde 28 de fevereiro.
Editoria de Arte/Folhapress |
RÚSSIA AFUNDA NAVIO
As forças russas afundaram um navio obsoleto de sua Frota do Mar Negro na entrada de uma das bases ucranianas em Sebastopol, na Crimeia, para impedir a saída de navios da Ucrânia, denunciou o Ministério da Defesa deste país.
"Na entrada da base naval do sul da frota ucraniana, e para bloquear os navios ucranianos que se encontram no lago Donuzlav, os militares russos afundaram o navio 'Ochakov', que já estava fora de serviço em sua frota", disse o ministério.
A embarcação anti-submarino "Ochakov" foi construído em 1971 e integrou à Frota russa do Mar Negro dois anos depois, onde participou de vários exercícios navais.
Desde 1991, o navio se encontra no porto de Sebastopol para reparos, e deveria voltar a operar em 2004, o que não ocorreu, e em 2011 foi retirado da frota.
UCRÂNIA
O primeiro-ministro interino da Ucrânia, Arseni Yatseniuk, acusou a Rússia de aumentar a tensão na Crimeia.
Kiev quer uma solução política, "então depende da Rússia, se está disposta a resolver este conflito ou se está relutante e deseja aumentar a tensão, como fizeram nas últimas horas", disse Yatseniuk após um encontro com o presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz.
O chefe de Governo interino afirmou que mais uma vez as Forças Armadas russas bloquearam unidades ucranianas na Crimeia e "continuam provocando confrontos e tensões".
"Perguntamos a Rússia se estão dispostos a preservar a paz e a estabilidade na Europa ou se estão prontos para instigar outra provocação e mais tensões nas relações bilaterais", completou, sem apresentar detalhes sobre a situação na Crimeia.
Schulz afirmou que existem informações sobre ações recentes da Rússia na Crimeia e que, em caso de confirmação, representarão um "verdadeiro perigo".
Após o encontro no Parlamento, Yatseniuk seguiu para o Conselho Europeu, onde foi recebido pelo presidente desta instituição que representa os Estados membros da UE, Herman Van Rompuy, antes de uma reunião extraordinária de chefes de Estado e de Governo dedicada à crise na Ucrânia.
Para Yatseniuk "não se trata apenas de uma crise entre Ucrânia e Rússia, e sim de uma crise na Europa".
Na quarta-feira, a polícia ucraniana retomou o controle da sede do governo regional em Donetsk, cidade de língua russa no leste do país, e prendeu 75 pessoas durante a retirada dos militantes pró-Moscou que ocupavam o edifício desde segunda-feira.
Após a operação policial, mais de 100 manifestantes bloqueavam o prédio. As autoridades ucranianas retomaram por alguns minutos o controle do local, antes que os manifestantes contrários às novas autoridades de Kiev retornassem ao edifício.
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