Comandante do Exército tailandês anuncia golpe ao vivo na TV
O Exército da Tailândia deu nesta quinta-feira (22) um golpe de Estado, dois dias após declarar lei marcial sob o pretexto de solucionar a crise política no país após mais de oito meses de protestos antigovernamentais.
"Em nome da lei e a ordem, assumimos os poderes. Por favor, permaneçam em calma e continuem com seus afazeres diários", disse o comandante do Exército tailandês, Prayuth Chan-Ocha.
O anúncio foi transmitido pela TV pouco antes das 17h (7h de Brasília) e depois do fechamento do mercado de ações tailandês.
Conforme a mídia tailandesa, autoridades políticas que estavam participando de uma reunião convocada pelas Forças Armadas foram detidas. Soldados e veículos blindados tomaram o centro da capital, principalmente no bairro comercial, no setor dos hotéis e de estações de TV.
O exército suspendeu a Constituição e declarou toque de recolher em todo o país, que entrou em vigor às 22h desta quinta (12h de Brasília) e deve ser concluído às 05h locais desta sexta (19h de quinta em Brasília).
Os militares começaram a desalojar os acampamentos dos manifestantes a favor e contra o governo em vários pontos de Bangcoc.
Na terça-feira (20), o Exército decretou lei marcial no país, mas negou o golpe.
Editoria de Arte/Folhapress |
Milhares de manifestantes estavam nas ruas quando Prayuth fez o anúncio da tomada de poder. "O comitê nacional de preservação da paz", disse, em referência às Forças Armadas, "cultuará e protegerá a monarquia".
Prayuth disse que o golpe havia sido lançado "a fim de conduzir a situação de volta ao normal rapidamente". O objetivo do golpe, segundo ele, era "reformar a estrutura política, a economia e a sociedade".
GOLPES
O mais recente golpe tailandês havia acontecido em 2006, e foi seguido por mais de um ano de governo militar.
O rei da Tailândia, Bhumibol Adulyadej, 86, está doente. Ele reina sobre o país há mais de 60 anos. Já o governo tailandês estava paralisado havia seis meses por protestos que deixaram 28 mortos e centenas de feridos.
Os manifestantes queriam erradicar a mais poderosa família de políticos do país, os Shinawatra. A política tailandesa anda turbulenta desde 2006, quando as forças armadas removeram Thaksin Shinawatra, o patriarca da família e fundador de um movimento populista que venceu todas as eleições desde 2001.
Thaksin, cuja base de poder está nas províncias, desafiou o poder da elite de Bancoc, um conflito que é uma das raízes dos oito anos de inquietação política no país.
Prayuth não mencionou eleições em seu anúncio. As de fevereiro foram boicotadas pela oposição e bloqueadas por manifestantes.
Os militares já tramaram 19 golpes de Estado no país, 12 deles bem sucedidos, desde o fim da fase absolutista da monarquia, em 1932.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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