Com ressalvas, EUA liberam extração de petróleo no Ártico
O governo Barack Obama concedeu nesta segunda (11) licença condicional à Shell para perfurar poços de petróleo e gás natural no oceano Ártico a partir de julho.
A decisão é uma vitória do setor petroleiro após anos de pressão para operar no mar de Chukchi, uma extensão do oceano Ártico entre o Alasca e a Rússia onde se estima haver grandes reservas de petróleo e gás natural.
A região ártica –estratégica em termos ambientais, econômicos e geopolíticos– abriu nos últimos anos nova frente de disputa entre Rússia (que mantém vários projetos locais), países do norte europeu (sobretudo Noruega, que tem a maior atuação na área), EUA e, mais recentemente, China, por meio de parcerias internacionais.
A nova decisão americana impõe um revés aos ambientalistas, que vinham pressionando o governo para rejeitar as propostas no Ártico, e lança ambiguidade sobre o legado ambiental de Obama (leia análise nesta página).
O argumento central é que, por causa do isolamento da área, um acidente ali poderia ter consequências piores que as do vazamento do Golfo do México em 2010, quando, após a explosão de uma plataforma, 11 pessoas morreram e milhões de litros de petróleo oram derramados no mar.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
CONDIÇÕES
A aprovação ainda está condicionada a que a Shell receba outras licenças pendentes, referentes à fauna local e ao descarte de dejetos.
"Enquanto isso, vamos continuar a testar e preparar nossos prestadores de serviços, ativos e planos de contingência", afirmou Curtis Smith, porta-voz da Shell.
O governo Obama inicialmente havia concedido à Shell uma licença para começar a perfurar no oceano Ártico no terceiro trimestre de 2012. No entanto, as primeiras incursões da empresa se viram prejudicadas por numerosos problemas operacionais e de segurança.
Duas das plataformas de petróleo encalharam e tiveram de ser rebocadas para águas mais seguras.
Em 2013, o Departamento do Interior concluiu que a Shell falhara em uma ampla gama de tarefas operacionais básicas, como a fiscalização de subcontratadas encarregadas de funções essenciais.
Em relatório, criticava asperamente a gestão da Shell, que admitiu estar despreparada para os problemas encontrados ao operar no implacável ambiente do Ártico.
A diretora do Serviço de Administração de Energia Oceânica do Departamento do Interior afirmou em comunicado que a nova decisão foi "ponderada" e considerou "os recursos ambientais, sociais e ecológicos da região".
"Estabelecemos altos padrões para a proteção desse ecossistema e de nossas comunidades árticas", escreveu Abigail Ross Hopper.
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