Sindicatos e indígenas fazem greve nacional contra presidente no Equador
Uma greve geral em protesto contra recentes medidas aprovadas pelo presidente do Equador, Rafael Correa, terminou, nesta quinta (13), com confrontos entre a polícia e manifestantes em Quito e em Guayaquil, a maior cidade do país.
Segundo o governo, ao menos 12 policiais se feriram. Fotos publicadas pelo jornal "El Universo" também mostram manifestantes feridos.
A paralisação foi organizada por grupos sindicais de oposição, entidades indígenas e outros movimentos sociais, que, após um dia de bloqueios nas principais ruas e avenidas da capital, se reuniram no centro da cidade para marchar rumo à praça Grande, onde fica o palácio presidencial.
Diante da barreira policial perto do Palácio Carondelet, sede do Executivo, manifestantes atiraram pedras, paus e coquetéis molotov.
Os policiais responderam com cassetetes e bombas de gás lacrimogêneo. Até a conclusão desta edição, não havia números sobre detidos.
O governo temia um novo cerco a prédios estatais, como o feito por policiais em greve de 2010, quando Correa ficou cercado em um hospital de Quito. Para conseguir sair, teve que decretar estado de exceção e precisou ser retirado do local pelas Forças Armadas.
Desta vez, os manifestantes foram parados a duas quadras de distância e a praça foi ocupada apenas por integrantes de uma marcha em apoio ao governo.
"Uniram-se tantos quanto foram possíveis e não conseguiram absolutamente nada", disse Correa, da sacada do palácio à multidão de apoiadores. "Alguém pode me explicar por que se levantam? Não têm legitimidade para fazê-lo. Só lhes resta a violência."
Correa descartou o diálogo com os manifestantes dizendo que não se submeteria à "chantagem". "Não se sabe se é para rir ou chorar, porque são tão ridículos", afirmou.
Em Guayaquil, manifestantes colocaram fogo em pneus e atiraram garrafas nos policiais, que revidaram com bombas de gás.
BLOQUEIOS
Os bloqueios das ruas pelos grevistas começaram na madrugada, dentro das duas cidades. Horas depois, já atingiam diversas estradas e as vias de acesso a Quito.
Na estrada Panamericana, que liga a capital ao sul do país, camponeses e indígenas entraram em confronto com a polícia quando o ministro do Interior, José Serrano, chegou ao local para tentar conseguir a liberação.
Apesar da união, cada uma das entidades tinha suas reivindicações. No caso dos sindicalistas, a principal exigência a Correa é a redução dos impostos e o fim dos tributos sobre lucro, heranças e grandes fortunas.
A principal justificativa dos sindicatos é que a tributação contra os mais ricos levará à diminuição dos investimentos, e, com isso, ao aumento do desemprego.
Os indígenas criticam as leis de recursos hídricos e de mineração. Para eles, as leis dificultam seu acesso aos rios e flexibilizam a exploração de minerais.
A esses grupos aderiram outros da sociedade civil, como a Federação de Médicos e a Ordem dos Advogados.
Na praça Grande, grupos aliados do governo como a Central Unitária dos Trabalhadores (CUT) e a Confederação das Organizações Camponesas, Indígenas e Negras, estavam em vigília desde quarta (12) em frente ao palácio presidencial para "evitar a desestabilização" que poderia ser provocada pela greve.
COM AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
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