Confronto em frente ao Parlamento deixa um morto e fere cem na Ucrânia
Sergei Supinksu/AFP | ||
Guarda Nacional protege o prédio do Parlamento em meio a confronto em Kiev |
Um membro da Guarda Nacional morreu e cerca cem pessoas ficaram feridas, a maioria dos quais também policiais, em confrontos do lado de fora do Parlamento ucraniano, em Kiev, em meio a disputas envolvendo a votação de uma série de mudanças constitucionais polêmicas envolvendo o leste do país.
O Parlamento optou por dar mais poderes soberanos às regiões do leste do país, conferindo a elas um estatuto especial. Atendendo a parte de suas demandas, os parlamentares visam enfraquecer o movimento independentista pró-russo.
As divisões entre os parlamentares pró-Ocidente indicam, no entanto, que o texto enfrentará dificuldades para se tornar lei.
A votação, polêmica provocou protestos de pessoas principalmente ligadas a partidos ultranacionalistas, os quais reagiram violentamente em demostrações na praça da Constituição, onde fica o Parlamento. O deputado Anton Gerashchenko afirmou, via Facebook, que militantes jogaram coquetéis molotov em seguranças da Guarda Nacional em meio ao distúrbio.
Em uma sessão turbulenta, um total de 265 deputados, dos 450, votou a favor na primeira leitura do projeto de lei "de descentralização", apoiado pelo bloco político do presidente Petro Poroshenko e seu governo —39 a mais do que o necessário para passar.
Mas muitos aliados da coalizão governista, incluindo a ex-primeira-ministra Yulia Timoshenko, se posicionaram contra as mudanças e ainda não está claro se Poroshenko será capaz de conseguir os 300 votos necessários na última votação, no final deste ano.
A aprovação de legislação com estatuto especial para territórios nas regiões de Donetsk e Lugansk, que estão em grande parte sob controle de separatistas apoiados pela Rússia, é um elemento importante de um acordo de paz alcançado em Minsk, capital de Belarus, em fevereiro.
O confronto entre separatistas pró-russos e nacionalistas ucranianos se estende desde a deposição de Viktor Yanukovich, alinhado a Moscou, da Presidência, após uma série de violentos protestos na capital, em fevereiro de 2014. Entre os desdobramentos, a Rússia reivindicou a anexação da região da Crimeia. Durante os confrontos no leste do país, um Boeing 777 da Malaysia Airlines foi aparentemente abatido por um míssil —nenhum dos lados assume a responsabilidade pelo incidente. O conflito já deixou mais de 6.800 mortos.
Apesar de um cessar-fogo estar sendo violado por bombardeios e troca de tiros esporádicos entre as duas partes, os governos ocidentais veem o acordo como a melhor estratégia possível para a paz e estão pressionando a Ucrânia a respeitar os termos pactuados em Minsk.
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