Líder da Guatemala perde imunidade e será julgado por corrupção
O Congresso da Guatemala aprovou nesta terça-feira (1º) com unanimidade a retirada da imunidade do presidente Otto Pérez Molina, 64, acusado de um escândalo de corrupção envolvendo o desvio de verbas alfandegárias.
Com isso, está aberto o caminho para que o mandatário seja submetido a um processo de impeachment pelo caso. Ele, porém, passará pelo julgamento político no cargo e afirmou na segunda (31) que não pretende renunciar. Seu mandato termina oficialmente em 14 de janeiro de 2016.
A retirada da imunidade foi aprovada por todos os 132 deputados presentes na sessão plenária, dos 158 que compõem a Casa. Para que fosse referendada, a medida deveria ter o apoio de 105 parlamentares.
A maioria dos 26 deputados que se abstiveram pertence ao partido Líder, o mesmo de Manuel Baldizón, candidato de Pérez Molina e que era o favorito nas pesquisas para as eleições presidenciais de domingo (6).
Horas antes da votação, a entrada do Congresso foi bloqueada por sindicalistas e aliados de Pérez Molina que pediam a manutenção da data das eleições presidenciais e a prisão de todos os envolvidos em corrupção.
Eles entraram em confronto com opositores ao presidente que tentavam abrir passagem aos deputados para dar início à votação. Esta será a primeira vez na história guatemalteca em que um presidente será julgado ainda no cargo.
DENÚNCIA
O pedido de impeachment foi aprovado no dia 21 de agosto pela Suprema Corte. A decisão dos magistrados baseou-se em investigação da Comissão Internacional contra a Impunidade sobre o caso La Línea (A linha, em espanhol).
O órgão responsável pelo inquérito foi criado em 2007, em uma associação entre o governo e a ONU, e tem peritos nacionais e estrangeiros independentes. Em relatório, a comissão coloca o presidente como líder da quadrilha.
Ao todo, foram denunciados 45 funcionários do governo, dos quais 28 estão presos. Dentre os acusados pela comissão, estão 14 ministros e a ex-vice-presidente Roxanna Baldetti, presa acusada de receber US$ 3,7 milhões.
Em 21 de agosto, a acusação foi enviada da Suprema Corte para o Congresso, que criou uma comissão de inquérito para analisar as acusações antes de levá-la a votação nesta terça.
O esquema de corrupção envolvendo Pérez Molina levou a Guatemala a sua pior crise política desde o fim da guerra civil, em 1996. Na última quinta (27), milhares de pessoas protestaram pedindo a renúncia do presidente.
As mobilizações receberam o apoio da imprensa e de entidades patronais e de classe, que liberaram seus funcionários para participarem dos atos.
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