Jogo de rúgbi altera rotina de dia de votação na Argentina
Gustavo Amarelle/AFP | ||
Homem comparece a local de votação em Buenos Aires com camisa da seleção de rúgbi argentina |
Os dois principais candidatos, Daniel Scioli e Mauricio Macri, fizeram elogios à seleção argentina de rúgbi, que foi derrotada pela Austrália neste domingo (25) por 29 a 15 na Copa do Mundo do esporte.
Na capital argentina, os eleitores se organizaram para votar antes ou depois da partida —alguns até foram aos centros de votação usando a camiseta dos "Pumas", como a equipe é conhecida.
Os "Pumas", segundo o governista Scioli, "são uma expressão do que deve ser o país", enquanto seu rival afirmou que "são a Argentina que queremos, unida e olhando para a frente".
Não foi por acaso. Scioli e Macri, de alguma maneira, tentaram pegar carona no patriotismo renovado pelo sucesso da seleção, que nas últimas semanas, ao avançar no torneio, colocou o país em clima de Copa do Mundo.
"Essa seleção surgiu na hora certa, na hora em que estamos cansados da seleção de futebol, que está cheia de jogadores arrogantes e milionários, que só jogam bem na Europa e não dão o sangue com a camisa celeste e branca", disse à Folha Luis Sandoval, que vendia bandeirinhas argentinas diante do cemitério da Recoleta pouco antes do início do jogo.
Bares e restaurantes que possuem telões já anunciavam há alguns dias que exibiriam a partida. Alguns pediam desculpas por não poder vender bebida por conta da lei seca eleitoral.
Num bar da Recoleta, os amigos Luis, 22, e Gerardo, 19, assistiam o jogo juntos. "Os Pumas têm uma garra que já não vemos mais no futebol", disse o primeiro.
Desde cedo, as TVs e os sites dos principais jornais destacavam a partida, que acabou ganhando mais espaço dos que as eleições na parte da manhã.
O rúgbi está entre os esportes preferidos na Argentina, embora sempre perca em popularidade para o futebol. "Houve uma mudança no perfil da seleção de rúgbi, isso explica essa paixão renovada por parte dos torcedores. No começo, era um esporte de gente rica, praticado por garotos da elite de Buenos Aires. Hoje, está mais popular e suas estrelas vêm de várias províncias do interior", diz à Folha o colunista esportivo Ezequiel Fernández Moores.
De fato, nos últimos anos, uma iniciativa de ex-"Pumas" e de outros jogadores de times de elite colaborou para promover o rúgbi entre a população mais humilde. Bichito de Luz e Botines Solidários são exemplos de escolinhas de rúgbi ativas hoje em bairros pobres e favelas do país.
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