Presidente de Mianmar parabeniza Nobel da Paz por vitória em eleição
O presidente de Mianmar, Thein Sein, parabenizou nesta quarta-feira (11) a Prêmio Nobel da Paz e líder pró-democracia Aung San Suu Kyi e seu partido, a Liga Nacional para a Democracia (LND), por terem alcançado a maior parte das cadeiras do Parlamento nas eleições de domingo passado (8).
Thein parabenizou-os por terem "conseguido reunir o apoio do povo" de Mianmar.
A mensagem, postada no Facebook, aumenta a esperança de uma transferência pacífica do poder, após cinco décadas de dominação militar, e parece ser uma admissão oficial da derrota pelo presidente, um ex-general que chefiou o governo apoiado pelos militares nos últimos cinco anos.
"O governo vai respeitar e seguir a escolha do povo e vai trabalhar para transferir pacificamente o poder, de acordo com o calendário", diz a mensagem no Facebook.
O chefe do Exército também cumprimentou Aung San e seu partido pela conquista.
"Saudamos a Liga Nacional para a Democracia (LND) pela maioria obtida nas eleições", declarou o general Min Aung Hlaing em um comunicado.
Após seu partido ter anunciado que conquistou a maioria das cadeiras do Parlamento Aung San Suu Kyi pediu uma reunião de reconciliação com o governo e com a cúpula do Exército.
"Os cidadãos expressaram sua vontade nas eleições", escreveu Suu Kyi em uma carta dirigida ao comandante do Exército, Min Aung Hlaing, ao presidente Thein Sein e ao líder do Parlamento, Shwe Mann. "Desejo convidá-los a discutir a reconciliação na próxima semana, quando for conveniente."
Lynn Bo Bo-9.nov.2015/Efe | ||
Líder opositora Aung San Suu Kyi chega à sede de seu partido na segunda (9) para fazer pronunciamento |
O ministro da Informação e porta-voz presidencial, Ye Htut, afirmou nas redes sociais que o presidente havia respondido a carta nesta quarta-feira (11) dizendo que "a reunião seria agendada quando os trabalhos da Comissão Eleitoral da União forem concluídos".
Segundo os resultados parciais da apuração da eleição de domingo (8), a LND conquistou 90% das cadeiras em disputa na câmara baixa do Parlamento. A vantagem da legenda também se confirmou na câmara alta e em diversos Legislativos regionais.
Durante quase cinco décadas, Mianmar foi governado pelas Forças Armadas. O regime foi transferido em 2011 para um governo semicivil, que ainda se mantém sob grande influência dos militares.
As últimas eleições legislativas livres no país haviam acontecido em 1990, com uma grande vitória da LND. Suu Kyi não participou daquela campanha porque estava em prisão domiciliar, e a junta militar não reconheceu o resultado.
O governo birmanês prometeu nesta quarta-feira "transferir o poder pacificamente" caso se confirme a vitória da Liga Nacional pela Democracia (LND), partido de Suu Kyi.
"Como governo, nos submetemos à escolha dos eleitores, e transferiremos o poder pacificamente", disse Ye Htut nesta quarta-feira.
A chegada ao poder pelo partido de Suu Kyi representaria uma mudança histórica na vida política do país.
Ainda assim, caso a transição política ocorra pacificamente, os militares ainda manterão controle dos ministérios da Defesa, do Interior e da Segurança de Fronteiras. As Forças Armadas também controlarão setores da economia e terão reservadas para si 25% das cadeiras do Parlamento, podendo assim barrar a aprovação de emendas constitucionais.
Romeo Gacad-9.nov.2015/AFP | ||
Milhares se reúnem em Yangon, nesta segunda (9), para manifestar apoio ao partido de Suu Kyi |
Apesar de sua vitória eleitoral, a líder do movimento pró-democracia não estaria legalmente autorizada a assumir o governo de Mianmar.
Uma emenda constitucional redigida pelos militares proíbe que pessoas com familiares estrangeiros assuma a Presidência.
O marido de Suu Kyi é britânico, e os filhos do casal possuem passaportes do Reino Unido.
Apesar da proibição, Suu Kyi disse na semana passada que estaria "acima do presidente" caso seu partido vencesse as eleições Legislativas.
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