Chanceler iraniano diz que país cumpriu metas de acordo nuclear
O chanceler iraniano, Javad Zarif, chegou otimista neste sábado (16) em Viena, na Áustria, para uma rodada decisiva do diálogo com potências ocidentais sobre o programa nuclear do Irã.
Zarif afirmou que Teerã cumpriu sua parte no acordo para reduzir a extensão de seu programa nuclear e espera que a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) reconheça o feito e leve à derrubada das sanções internacionais ao país ainda neste sábado (15).
As sanções, impostas por ONU, EUA e União Europeia, isolaram o país de 80 milhões de habitantes do sistema financeiro global, reduziram drasticamente as suas exportações de petróleo, além de outras punições econômicas.
Yin Bogu-29.set.2015/Xinhua | ||
A chefe de Política Externa da UE, Federica Mogherini, e o chanceler iraniano, Javad Zarif |
Representantes de todas as partes se reúnem neste sábado em Viena para analisar o Plano Integral de Ação Conjunta. Ao fim do encontro, a AIEA deve divulgar um comunicado sobre o cumprimento das exigências feitas ao Irã.
A expectativa de Teerã é que a maioria das sanções seja retirada imediatamente após a publicação do relatório.
"Hoje, com a divulgação do relatório do chefe da AIEA, o acordo nuclear será implementado, após o qual um comunicado conjunto será feito para anunciar o começo do acordo", disse Zarif, citado pela agência estatal iraniana Irna. "Hoje é um bom dia para o povo iraniano já que as sanções serão retiradas hoje."
Zarif afirmou ainda que os problemas podem ser resolvidos com diálogo e não com ameaças, pressão e sanções.
Ele se encontra neste sábado com o secretário de Estado americano, John Kerry, a chefe de Política Externa da UE, Federica Mogherini, e o chefe da AIEA, Yukiya Amano. Mogherini tuitou uma foto do encontro com Zarif e a legenda "dia da implementação".
O acordo nuclear foi firmado em julho passado e sua conclusão marca uma virada na relação dos EUA com o Irã. Sob seus termos, Teerã concordou em limitar o seu programa nuclear para que não tenha capacidade de construir armas nucleares.
Embora o Irã sempre tenha negado ter interesse em desenvolver um arsenal atômico, o Ocidente suspeita que esse era o objetivo de seu programa nuclear, iniciado em 2006, e impunha sanções econômicas e militares severas sobre o país.
Mesmo antes do documento sair, a agência iraniana Mehr informou que executivos de duas das maiores companhias de petróleo do mundo, Shell e Total, chegaram em Teerã para conversar com representantes da companhia estatal iraniana de petróleo.
Quando as sanções forem retiradas, o Irã planeja aumentar suas exportações de petróleo para 500 mil barris por dia em poucas semanas e 1 milhão diários dentro de um ano.
A expectativa do retorno do Irã ao mercado foi um dos fatores que contribuiu para a queda do preço do barril neste semana para abaixo de US$ 30 pela primeira vez em 12 anos.
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