Livreiros desaparecidos vão à TV chinesa em suposta confissão
Os livreiros de Hong Kong que desapareceram nos últimos meses, levantando suspeitas sobre a ação do governo chinês no caso, foram a um canal de TV pró-Pequim dizer que cometeram ilegalidades e negar a suspeita de sequestro que pairava sobre autoridades da China.
Os cinco —entre eles um nacional sueco e um britânico— atuavam na editora Mighty Current e em uma livraria, ambas sediadas em Hong Kong e conhecidas por livros de intrigas e fofocas sobre a vida pessoal dos líderes do Partido Comunista chinês. Os livros eram proibidos na China continental, mas sucesso entre visitantes.
Anthony Wallace - 3.jan.2016/AFP | ||
Em protesto em janeiro, manifestante segura cartaz sobre desaparecimento de Lee Bo, de Hong Kong |
Lui Por, Cheung Chi-ping e Lam Wing-kee desapareceram na China continental em outubro. No mesmo mês, Gui Minhai, naturalizado sueco, sumiu na Tailândia. O quinto, Lee Bo, com cidadanias de Hong Kong e do Reino Unido, foi visto pela última vez em dezembro, em Hong Kong.
No domingo (28), os quatro primeiros falaram à TV Phoenix, pró-Pequim. Em uma matéria de quatro minutos, eles admitem a venda "não autorizada" de cerca de 4.000 livros na China, pela internet, pelo que foram detidos.
"Eu refleti profundamente sobre meus atos e me arrependo muito da venda ilegal de livros que fiz junto com Gui Minhai [apontado pelos colegas como o responsável pela operação]", disse Lui Por à TV.
Lam completou: "[Os livros] geraram muitos rumores na sociedade e foram uma má influência. Eu admito meus erros e estou disposto a ser penalizado".
Um dia depois da suposta confissão dos quatro à TV pró-Pequim —admissões de malfeitos que têm se tornado populares na China—, Lee Bo, o quinto desaparecido, deu entrevista à mesma TV Phoenix nesta segunda-feira (29), negando que tenha sido sequestrado de Hong Kong e levado à força à China continental.
"Por que agi tão misteriosamente? Porque tive que ajudar em uma investigação na China continental que demandou testemunhar contra algumas pessoas", disse Lee na entrevista. Ele explicou que deixou Hong Kong de maneira irregular com medo de represálias da parte das pessoas contra as quais estava testemunhando.
O misterioso caso dos livreiros provocou uma enxurrada de críticas à China, acusada de desrespeitar o modelo "um país, dois sistemas", pelos quais Hong Kong foi devolvida à China com garantias às liberdades individuais.
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