Dilema ronda presença de líderes estrangeiros em funeral de Fidel
O presidente russo, Vladimir Putin, não irá às cerimônias fúnebres de Fidel Castro, em Cuba —ele se prepara para um importante discurso, afirmou o Kremlin.
Justin Trudeau, o primeiro-ministro canadense que gerou polêmica ao tecer elogios póstumos a Fidel, também não participará das homenagens oficiais. No sábado (26), o premiê foi criticado por ter descrito Fidel como "um lendário revolucionário e orador" e "um notável líder".
O canadense também foi alvo de críticas da parte de dois senadores republicanos norte-americanos, Marco Rubio (Flórida) e Ted Cruz (Texas), ambos de ascendência cubana. Rubio chamou os comentários de Trudeau de "vergonhosos" e Cruz, de "uma desgraça".
Cruz também pressiona para que nenhuma autoridade americana compareça à maratona de homenagens.
"Espero que não vejamos os democratas Barack Obama, Joe Bidon e Hillary Clinton fazendo fila para tratar um tirano assassino como celebridade", disse em vídeo divulgado neste domingo (27).
Newt Gingrich, que chegou a ser cotado para secretário de Estado do governo Donald Trump, também fez pressão.
"Sob nenhuma circunstância, o presidente Obama, o vice-presidente Joe Biden ou o secretário [de Estado, John] Kerry devem ir a Cuba para o funeral de Castro. Ele era um tirano."
Segundo o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, nem Obama nem seu vice, Biden, participarão das cerimônias de Fidel. Ele disse, ainda, que o governo anunciará em breve se alguma delegação representará os EUA nas homenagens em Cuba.
Se a morte de Fidel foi rapidamente acompanhada de mensagens de pesar lançadas por boa parte da comunidade internacional, as confirmações de quem irá às cerimônias —seja desta terça (29) ou o enterro das cinzas no domingo (4)— não estão sendo tão céleres.
Assim como Putin e Trudeau, mandarão representantes o premiê japonês, Shinzo Abe, e a chanceler alemã, Angela Merkel (no caso dos alemães, quem irá será Gerhard Schröder).
Pouco antes do anúncio da participação de Schröder, o porta-voz de Merkel, Steffen Seibert, criticou a revolução cubana, "que submeteu a ilha e seus habitantes a um sistema de repressão política durante décadas".
O presidente brasileiro, Michel Temer, será outro a mandar representantes: os ministros José Serra (Relações Exteriores) e Roberto Freire (Cultura).
Por outro lado, são esperadas as presenças de Robert Mugabe (Zimbábue), de Rafael Correa (Equador) e do rei emérito Juan Carlos (Espanha).
O ditador norte-coreano, Kim Jong-un, não estará presente nas cerimônias em Havana ou Santiago de Cuba, mas seu regime enviou uma delegação oficial liderada por Choe Ryong-Hae, vice-presidente do Comitê Central do Partido dos Trabalhadores, e decretou luto oficial de três dias a partir desta segunda-feira (28).
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