Chanceler venezuelana chama Serra de corrupto e critica viagem de opositor

DE SÃO PAULO

A ministra das Relações Exteriores da Venezuela, Delcy Rodríguez, chamou nesta quinta-feira (9) seu colega brasileiro, José Serra, de corrupto e o criticou por ter recebido o presidente da Assembleia Nacional, Julio Borges.

Em uma rede social, Rodríguez referiu-se ao brasileiro como "chanceler de facto" e considerou ilegítima a reunião com o líder do Legislativo, que faz a oposição ao presidente Nicolás Maduro assim como a maioria da Casa.

"O chanceler de facto é acusado de graves delitos de corrupção e se intromete em assuntos internos da Venezuela. Golpistas não poderão com nosso povo!", disse a ministra, em referência às acusações contra o tucano na Operação Lava Jato.

Ela ainda chamou Borges de "usurpador de funções" por considerar que só o governo tem o direito de representar o país no exterior. "O senhor Julio Borges, envolvido em delitos contra a ordem constitucional da Venezuela, ostenta amizades corruptas."

Para Rodríguez, a oposição forma uma quadrilha com governos adversários do chavismo. "A direita corrupta, golpista e criminosa se carteliza internacionalmente contra os povos de nossa América e favorece poderes imperiais."

Procurado na noite desta quinta, José Serra não foi encontrado para comentar as declarações até o momento.

Julio Borges foi recebido por Serra na quarta (8), depois de o venezuelano ser reunido no Congresso Nacional com os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE).

O chanceler não deu apoio formal à oposição venezuelana. Maia, porém, prometeu tentar reunir os Parlamentos dos países sul-americanos para declarar seu repúdio ao bloqueio do Legislativo venezuelano, declarado em desacato pela Justiça.

O governo venezuelano não reconhece o presidente Michel Temer por considerar que o impeachment de Dilma Rousseff foi um golpe de Estado. Embora a presidente tivesse tentado se distanciar de Caracas, o PT mantinha seu apoio a Maduro.

Para ele, Temer, o argentino Mauricio Macri e o paraguaio Horacio Cartes formam a "tríplice aliança golpista". Os países impediram em setembro que o chavista assumisse a presidência do Mercosul e suspenderam a participação venezuelana no bloco em dezembro.

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.