Comissão Europeia pede investigação sobre plebiscito na Turquia
Murad Sezer/Reuters | ||
O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, participa de comício em Istambul |
A Comissão Europeia pediu nesta terça-feira (18) que a Turquia realize uma "investigação transparente" sobre o resultado do plebiscito ocorrido no domingo, depois que uma missão conjunta da OSCE e do Conselho da Europa indicou que a votação "não esteve à altura dos critérios europeus".
"Pedimos a todos que demonstrem contenção e às autoridades que iniciem uma investigação transparente sobre as supostas irregularidades constatadas pelos observadores", afirmou o porta-voz do Executivo comunitário, Margaritis Schinas.
A declaração foi feita poucos minutos antes de o principal partido da oposição na Turquia, o social-democrata CHP, apresentar formalmente ao Alto Conselho Eleitoral (YSK) um pedido de anulação do referendo de domingo sobre a reforma constitucional, que concede amplos poderes ao presidente Recep Tayyip Erdogan.
Antes mesmo da divulgação oficial do resultado do referendo, uma vitória apertada do 'Sim', os dois principais partidos de oposição, o CHP e o pró-curdo Partido Democrático dos Povos (HDP), denunciaram "manipulações" durante a votação.
O presidente turco já rejeitou as conclusões dos observadores internacionais e abriu a porta para um referendo sobre o restabelecimento da pena de morte, uma "linha vermelha" para a UE, assim como outra consulta sobre o prosseguimento com as negociações de adesão ao bloco.
Ao falar sobre a reintrodução da pena capital, o porta-voz da Comissão Europeia afirmou que "não é apenas uma linha vermelha, e sim a mais vermelha de todas as linhas" e "representaria um sinal claro de que a Turquia não quer ser um membro da família europeia".
"Estimulamos a Turquia a aproximar-se da União Europeia de novo e não a afastar-se mais e mais rápido de nós", declarou Schinas.
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CRONOLOGIA
Reviravolta turca
1923
Após o colapso do Império Otomano, a Assembleia Nacional proclama a república e elege como presidente Mustafa Kemal Atatürk, considerado o "pai" da Turquia moderna
1928
País adota o secularismo, abandonando o islã enquanto religião oficial e implementando reformas "ocidentalizantes"
1946
Sistema multipartidário é inaugurado
1960, 1971, 1980 e 1997
Forças Armadas realizam golpes de Estado, em geral contra governos considerados islamitas demais
2003
Recep Tayyip Erdogan, do AKP (Partido Justiça e Desenvolvimento, de orientação islamita) toma posse como primeiro-ministro
2014
Erdogan deixa o cargo de primeiro-ministro e é eleito presidente
2016
Tentativa fracassada de golpe de Estado [foto] leva governo a instaurar estado de emergência e a recrudescer repressão contra opositores e meios de comunicação
2017
Por margem apertada, turcos aprovam em plebiscito aumentar os poderes do presidente e extinguir o cargo de primeiro-ministro
Livraria da Folha
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