Descrição de chapéu The New York Times

Pesquisa nos EUA aponta que só 36% sabem onde fica a Coreia do Norte

KEVIN QUEALY
DO "NEW YORK TIMES"

A posição dos americanos em relação a alguma questão geralmente pode ser vinculada à idade deles, seu gênero, onde vivem, filiação partidária e características semelhantes. Mas, quando perguntados sobre a política que os EUA deveriam seguir em relação à Coreia do Norte, as opiniões dos americanos dependem em parte de eles saberem onde fica esse país.

Um experimento realizado entre 27 e 29 de abril por Kyle Drupp, da Morning Consult, a pedido do "New York Times", mostrou que os entrevistados que foram capazes de identificar a Coreia do Norte corretamente tenderam a ter uma visão mais favorável de estratégias diplomáticas e não militares que os que não identificaram o país.

Mas qual é a importância real disso?

Harm de Blij escreveu no livro "Why Geography Matters" (Por que a geografia tem importância) que a geografia "é um ótimo antídoto ao isolacionismo e provincialismo", argumentando que "o público americano é a sociedade importante mais geograficamente analfabeta do planeta, em uma época em que o poderio dos Estados Unidos é capaz de afetar países e povos pelo mundo afora".

Essa ignorância espacial, dizem geógrafos, pode deixar os cidadãos sem um contexto dentro do qual refletir mais concretamente sobre questões de política externa. "A falta de conhecimento geográfico significa que não há um limite às representações públicas enganosas sobre questões internacionais", disse Alec Murphy, professor de geografia na Universidade do Oregon.

Os americanos poderiam ser melhores em geografia, mas não se pode esperar que acompanhem cada mudança da política externa. "As pessoas não investem em informações sobre política externa, mas isso é racional", disse Elizabeth Saunders, professora de ciência política na Universidade George Washington e estudiosa da política externa e relações internacionais.

Em vez de pesquisar extensamente as opções de política externa em relação a muitos outros países, os americanos são "racionalmente ignorantes": na prática, terceirizam suas posições sobre isso para as elites e a mídia.

No momento, as opiniões dos americanos em relação à Coreia do Norte são surpreendentemente consistentes, independentemente de suas outras opiniões políticas.

Uma pesquisa da YouGov mostrou que a Coreia do Norte está em primeiro lugar de uma lista de 144 países descritos como "inimigos"; uma pesquisa Gallup da mesma época mostrou que a Coreia do Norte é o país menos favorito dos americanos.

O interesse relativamente pequeno dos americanos pela Coreia do Norte não é recíproco. "Os norte-coreanos são obcecados pelos Estados Unidos", escreveu Barbara Demick, ex-chefe da sucursal do "Los Angeles Times" em Pequim, em entrevista à revista "New Yorker".

"Eles veem os EUA como responsáveis pela divisão da península coreana e parecem pensar que a política externa americana desde meados do século 20 girou em torno do objetivo único" de prejudicar a Coreia do Norte, disse Demick. "A coisa mais cruel que você pode fazer é dizer a um norte-coreano que muitos americanos nem sequer sabem apontar no mapa onde fica a Coreia do Norte."

A Morning Consult entrevistou 1978 adultos de uma amostra nacional entre 27 e 29 de abril. As entrevistas foram feitas pela internet, e os dados foram ponderados para aproximar-se de uma amostra alvo de adultos, com base em idade, raça/etnia, gênero, nível de instrução e região.

Um mapa da Ásia de 800 pixels por 600 pixels foi mostrado aos entrevistados, que precisavam clicar sobre a Coreia do Norte. Como medida de controle, foi pedido a eles que localizassem os EUA corretamente no mapa mundial. Cerca de 90% (1.746) dos entrevistados o fizeram; aqueles que não localizaram os EUA não foram incluídos na análise.

Tradução de CLARA ALLAIN

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